(Diogo)
Cheguei na frente da faculdade e vi Fernanda encostada perto do banco onde tínhamos combinado. O rosto dela estava abatido com olheiras fundas e, mesmo já sendo naturalmente magra, parecia que tinha perdido peso nos últimos dias. Respirei fundo e me aproximei devagar.
— O que você tem pra me contar, Fernanda? — perguntei direto, sentindo minha voz sair mais firme do que eu gostaria.
Ela respirou fundo e abaixou os olhos antes de começar a falar.
— Meus pais morreram e desde então, eu e a minha irmã, Bia, ficamos sob a guarda do nosso tio… o Amadeu.
Fiquei em silêncio, apenas ouvindo.
— A vida virou um inferno desde então. Ele se metia em brigas, sempre devendo dinheiro pra gente perigosa… e quando vinham cobrar, levavam tudo o que tínhamos em casa. Teve dias que a gente passou fome, Diogo… — a voz dela falhou.
Meu maxilar travou, mas deixei ela continuar.
— Ele colocou a Bia num colégio interno e me obrigou a entrar na faculdade. Sempre me ameaçava usando ela. Eu não tinha