POV Lívia
Os dias passaram com um ritmo estranho. Tranquilos por fora, caóticos por dentro. Gael não me procurava, mas também não sumia. Era como se pairasse à distância, orbitando minha vida silenciosamente, esperando... algo. E mesmo que eu não quisesse, meu corpo reagia. Talvez fossem os hormônios, talvez fossem memórias que eu não conseguia apagar. Às vezes, bastava ouvir sua voz de longe ou sentir o cheiro do perfume que ele sempre usava pra minha pele se arrepiar, minhas pernas ficarem trêmulas e um calor inquietante se espalhar entre minhas coxas. Mas não. Eu não ia ceder. Ele me perdeu. E não era só uma questão de orgulho — era de amor-próprio. Daniel estava presente. Em cada gesto, em cada conversa leve e atenciosa. Ele respeitava meus silêncios. E me fazia rir. Me fazia sentir que eu era mais que um corpo desejado. Eu era uma mulher. Uma futura mãe. Na noite de sexta-feira, fomos ao cinema. Quando voltamos, ele encostou o carro em frente à minha casa e me encarou. — Posso te fazer uma pergunta? — Pode. — Você sente desejo por ele? A pergunta foi direta. Sem amargura. Mas firme. Suspirei. O peito doeu. A verdade me apertava como um nó. — Sinto. Mas não quero. E isso faz toda a diferença. Ele assentiu, engolindo em seco. — Os hormônios, o passado... tudo mistura. Mas não significa que eu vá recuar. Eu sei o que ele me fez sentir — de verdade e de dor. E isso não se apaga. Nem se romantiza. Daniel sorriu. Um sorriso cansado, mas sincero. — Obrigado por não mentir. — Você ainda quer estar aqui? Mesmo com tudo isso? — Quero. Porque eu acredito no que você sente agora. E não no que sente contra a vontade. [No Dia Seguinte – POV Gael] Vi os dois juntos na porta da casa dela. Ele beijou sua testa. Ela sorriu. E, mesmo com o coração apertado, eu soube que havia perdido. Mas, droga... por que ainda sonhava com o gosto da sua boca? Por que a lembrança do corpo dela se curvando sob o meu me torturava nas noites frias? Entrei no carro e bati a cabeça no volante. — Idiota... Eu quis odiá-la por ter seguido em frente. Mas a verdade? Era eu que tinha ficado pra trás. --- [POV Lívia – Noite] No banho, sozinha, o vapor quente me envolvia. Meus dedos deslizavam devagar pela pele sensível da barriga. E, quando fechei os olhos, foi o toque de Gael que minha mente traiçoeira invocou. Mordi o lábio, irritada. — Não! — sussurrei para mim mesma. Mas o corpo já reagia. O ventre latejava, os seios doíam de um jeito novo. A água escorria pelas minhas pernas enquanto eu mantinha os olhos fechados, tentando conter os pensamentos que insistiam em tomar forma. Mas era impossível controlar o corpo, principalmente agora. Meus seios estavam mais sensíveis, a pele mais elétrica. Cada gota que deslizava pela minha barriga provocava arrepios que se espalhavam até as pontas dos dedos. E mesmo tentando pensar em Daniel... era o toque do Gael que surgia em minha mente. O calor aumentava entre minhas coxas. Deixei os dedos deslizarem pela barriga, devagar, contornando o umbigo. Suspirei alto. O som do chuveiro abafava o que estava acontecendo, mas meu corpo sabia. Sentia. Quando meus dedos roçaram o centro do meu prazer, um gemido suave escapou. Imaginei Gael atrás de mim, suas mãos firmes segurando minha cintura, sua respiração quente na minha nuca. A fantasia era um erro. Mas também era inevitável. — Droga... — murmurei, lutando contra a imagem dele. Abaixei a cabeça, encostando a testa no azulejo frio. Tentei focar em outra coisa. Em Daniel. Em mim. Em como meu corpo estava mudando... e precisava de cuidado. De alívio. Minhas mãos se moveram mais rápido. O calor cresceu. Os gemidos ficaram presos entre os lábios. E quando atingi o clímax — suave, contido, mas intenso — senti uma mistura de alívio e culpa. Liguei a água fria e fiquei ali, parada, tentando voltar a mim. Era só desejo. Só hormônio. Não amor. --- No dia seguinte – Domingo (POV Gael) Eu estava com Bianca. Sentado ao lado dela no sofá, vendo as crianças brincarem no jardim. Ela falava sobre planos para uma viagem, e eu apenas assentia, distraído. Meu corpo estava aqui. Mas minha cabeça... estava nela. Na Lívia. Na imagem dela rindo com o Daniel, ou pior, o abraçando com aquele jeito que ela só usava quando se entregava. Aquele sorriso bobo. O olhar doce. Bianca me tocou o braço. — Você tá me ouvindo? — Hã? Desculpa, viajei. Ela me olhou com pena. Bianca sempre soube que nunca foi ela. Sempre aceitou migalhas. Mas, naquele dia, percebi que até ela estava cansando de ser segundo plano. — Gael... você tem que resolver isso. Ou você se entrega pra alguém de verdade ou para com esse jogo emocional. Não é justo pra ninguém. Ela se levantou e me deixou sozinho com meus pensamentos. --- Mais tarde – POV Lívia Eu estava deitada, lendo, quando ouvi o portão se abrir. Daniel chegou com um lanche que ele mesmo preparou. Colocou sobre a mesa, rindo. — Tive um ataque de romantismo. Não sei se são os hormônios por osmose... ou o medo de você me esquecer por causa de um arquiteto de meia idade. Ri, tentando disfarçar o aperto no peito. Ele se aproximou, sentou-se ao meu lado no sofá, e pegou minha mão. — Você sabe que não precisa decidir nada agora. Mas eu preciso saber... se eu tô competindo com alguém que você ainda ama. Ou só com uma lembrança suja. A pergunta ficou suspensa no ar. Olhei pra ele, firme. — Eu não amo o Gael. — Mas ainda deseja ele? Engoli seco. — Desejo... às vezes. Mas não confio mais. Ele me beijou devagar, como quem sela um pacto silencioso. E naquela noite, enquanto dormia abraçada a Daniel, sonhei com Gael. Sonhei com seus olhos queimando sobre meu corpo. Sonhei com ele me tomando contra a parede da cozinha, com raiva, culpa e paixão. Acordei arfando. Molhada. E pela primeira vez... tive medo do que ainda sentia. Mas também tive coragem para enfrentar isso. Porque agora, eu era a protagonista da minha novela. o que estão achando da novela? espero vocês nos comentários, bjos!!