CAMILA

A porta se fechou atrás de Leonardo com um som baixo, quase respeitoso, como se até a casa soubesse que não deveria fazer barulho demais naquele momento. Fiquei parada na sala de jantar por alguns segundos, sem saber exatamente o que fazer. A cadeira onde ele havia estado ainda estava levemente afastada da mesa. O guardanapo dobrado com cuidado. A xícara de café praticamente intacta. Detalhes pequenos, mas que gritavam ausência.

Respirei fundo, sentindo um aperto lento se formar no peito. Não era tristeza. Também não era saudade no sentido dramático da palavra. Era algo mais sutil, mais perigoso: a constatação de que a presença dele já fazia diferença.

Levei a mão ao rosto, tocando o lugar onde Leonardo havia encostado os dedos antes de sair. O gesto tinha sido rápido, quase contido demais para alguém que não queria demonstrar muito. Ainda assim, tinha ficado gravado em mim como um lembrete silencioso.

Vai com cuidado, eu tinha dito.

Você também, ele respondeu.

E agora ele não