Na manhã seguinte, o dia havia amanhecido nublado. Rebeca espreguiçou-se ainda deitada em sua cama. Olhou para o relógio e viu que ainda eram seis horas da manhã. Olhou pela janela e viu tudo escuro, ainda parecia noite. Fechou seus olhos e deu um longo suspiro, tentando organizar seus pensamentos.
Mas quando ela menos espera, é tirada de seu momento de paz pelo toque de seu aparelho celular. Ela olha para a tela e não reconhece o número que estava ligando. Não atendeu, decidiu deixar tocar até cair na caixa portal. Mas a pessoa do outro lado da linha era insistente, e voltou a ligar, deixando-a curiosa. — Alô?! — a jovem falou, após atender a ligação. “Rebeca?!” — A voz do outro lado falou, meio rouco. — Arthur? — Ela perguntou, surpresa. “Sim. Desculpa, eu te acordei?” — Não, eu já estava acordada. Como você conseguiu o meu número? “Você me deu ontem a noite, esqueceu?” — Ele perguntou, soltando um riso abafado. — Verdade. Que pergunta mais idiota essa que eu fiz. “Te liguei pra te dizer que o plano de nossos pais está começando a dar certo.” — Sério? “Sim! Já saímos em várias manchetes.” — Não tinha visto ainda. Vou dar uma olhada. “Está certo. Então, tenha um bom dia!” — Tenha um bom dia você também! — Rebeca respondeu, finalizando a ligação. Ainda com o celular em mais, ela foi verificar o que Arthur havia falado. E para a sua surpresa as manchetes tomaram conta dos portais de notícias e redes sociais: “Arthur Carvalho e Rebeca Almeida: novo casal sensação da elite paulistana?” “Os herdeiros dos magnatas: romance à vista? “Jantar romântico entre Arthur e Rebeca chama atenção da imprensa e acende rumores de romance” “O novo casal de herdeiros surge surpreendendo a todos: afinal, esse casal é novo ou já existia por detrás dos bastidores?” As fotos estavam em todos os lugares. Arthur sorrindo de forma carinhosa, segurando a mão de Rebeca. Rebeca olhando para ele com um sorriso doce nos lábios. O toque na cintura ao saírem do restaurante. A cumplicidade forjada, mas perfeitamente encenada. Rebeca observava aquilo tudo pelo celular enquanto permanecia sozinha em seu quarto. Cada clique representava mais um tijolo no muro de mentiras que agora a cercava. O contrato com seu pai parecia apertar como um laço sufocante em sua garganta. Ela mal teve tempo de refletir. O celular apitou com uma nova mensagem. Era de Isaac. “Beca, está tudo bem? Vi as fotos... não sabia que você e o Arthur estavam realmente juntos. Rebeca não respondeu de imediato. Sentia-se fraca por dentro, como se estivesse pisando em areia movediça. “Bom dia, Isaac. Não, nós não estamos realmente juntos. Tudo isso faz parte do contrato.” “Entendi. Quero te ver hoje, precisamos conversar.” “Tudo o que tínhamos para falar um com o outro já foi dito.” “Por favor, meu amor. Deixa eu te ver hoje. Necessito de você.” Rebeca dá um longo suspiro ao ler a última mensagem de seu amado. Seu coração pertencia completamente a Isaac, mas seu pai nunca concordou com um romance entre o casal. E movida pelo último fui de coragem que ainda existia nela, concordou em vê-lo uma última vez. (...) Sofia se vestia com pressa, jogando a saia curta por cima da lingerie preta que Isaac havia arrancado algumas horas antes. Ela observava seu reflexo no espelho, enquanto aceitava seus cabelos loiros. — Aquela ridícula da Rebeca está se saindo melhor do que eu imaginava. Olha essas fotos! A imprensa toda acreditando nesse teatrinho. — Falava, com raiva contida. Isaac apareceu atrás dela, vestindo apenas a calça jeans desabotoada, e apoiou o queixo no ombro da loira. — Que diferença faz? Você sabe que ele vai sempre estar com você. Ele te ama. — Ama? — ela riu, amarga. — Arthur é um idiota emocional. Ele ama uma versão que eu inventei. A Sofia real, ele nunca conheceu. — a loira falou, soltando-se dos braços de seu amante. — E se conhecer? — Aí eu faço ele pensar que a culpa é dele. Isaac sorriu com malícia. Eles estavam jogando com todos os lados e, por ora, vencendo. (...) No fim da tarde, Rebeca foi convocada por seu pai para uma “reunião familiar” na biblioteca da mansão. Quando entrou no cômodo, encontrou-o com o jornal em mãos, a foto da noite anterior estampando a capa da seção social. — Você se saiu melhor do que eu esperava. — ele disse, sem tirar os olhos da foto. — A química entre vocês foi convincente. — Fico feliz que seu plano esteja funcionando. — ela rebateu com frieza. — Ainda não funcionou. Só funcionará de verdade quando estiverem casados. — Pai... — Sem “pai”. Agora você é a filha do presidente do conselho de diretores da Almeida Corporation. E vai se portar como tal.