VIENA – HOSPITAL PRIVADO DOS SANTORINI – 04h32
O cheiro era de álcool, sangue e silêncio. Amara estava deitada na maca da sala obstétrica, olhos fixos no teto branco, mãos apertando os lençóis. A contração havia começado horas antes. Agora, não havia mais tempo para fugir.
Ao seu lado, Laura segurava sua mão com força. Os médicos falavam em tons baixos, mas todos sabiam: o nascimento do bebê Santorini era mais do que um evento familiar. Era um marco político. Um símbolo de paz — ou de guerra.
Domenico, do lado de fora, caminhava em círculos. O rosto endurecido. As mãos suadas. Ele não temia o parto.
Temia o que viria depois.
MOSCOU – BASE VASQUEZ – 05h10
Miranda ajustava o brinco diante do espelho, como se estivesse se preparando para um jantar elegante. Mas não havia vinho, nem convidados. Apenas a seringa no estojo de veludo e a mulher de branco ao seu lado.
— Você sabe o que fazer? — perguntou.
— Sim. Entregar isso à enfermeira certa. Quando o bebê nascer. Será indolor. E parecerá