Confissões Noturnas.
A noite engole a mansão com sua manta escura, e eu permaneço desperta, sentada na beirada da minha cama. A frieza das cortinas pesadas contrasta com o calor que ainda sinto no peito.
A lua, rara e tímida, vaza por uma fresta, projetando em meu travesseiro um filete de luz prateada. Nem mesmo o tique-taque do relógio de parede parece ousar perturbar esse instante de absoluta introspecção.
Fecho os olhos e me deixo levar pelos pensamentos que insistem em ressurgir: o contrato assinado há poucos dias, com suas cláusulas precisas, as suítes independentes, as multas astronômicas, o registro em cartório de sigilo.
Tudo isso serve para proteger Artur, para blindar nossa união fictícia contra olhares curiosos e inimigos invisíveis, e principalmente de seu pai.
Mas, no silêncio da madrugada, percebo que meu maior temor não mora no mundo externo, e sim dentro de mim.
Pego meu celular e descubro que já é quase uma hora. Artur e Josué nunca me viram tão vulnerável. A idei