Cantarolava enquanto passava toda aquela roupa. Os vestidos de dona Carmen coloquei nos cabides, e os forros de cama dobrei direitinho antes de guardar no armário. No meio daquela montanha de tecido, havia duas camisas masculinas — claro que eram do borra-botas. Quando terminei de organizar tudo, olhei para as camisas e, relutante, decidi levá-las para o quarto do “patrãozinho”. Minha vontade era queimar essas camisas, isso sim.
Bati na porta para ver se ele estava lá e, pelo silêncio, concluí que não. Abri devagar, mapeando o ambiente, certificando-me de que o sujeito realmente não estava. Entrei. Era só largar as camisas em cima da cama e ir embora.
Mas, em vez disso, fui bisbilhotar o que não era da minha conta.
Parecia que ele tinha medo de ficar fedorento, de tantos perfumes que tinha em cima da cômoda. Cada frasco mais bonito que o outro. Nunca tinha visto frascos tão elegantes; pareciam até enfeites. Uma voz dentro de mim insistia para eu sair dali, mas eu, teimosa que só, ign