Capítulo 7

Safira

O quarto é super lindo, lindo de todas as formas possíveis. Dá pra ver que Marcel está fazendo o possível para me acomodar e me deixar à vontade. Pra mim é novidade tudo isso, eu nunca recebi carinho, presentes e muito menos um abraço tão reconfortante como o que ele me proporcionou. Senti meu coração mais quentinho e minhas esperanças de uma vida boa e segura se reconstruindo.

Eu já havia deixado de lado qualquer perspectiva de um dia poder me casar com alguém que eu realmente amasse, de ser amada e receber todo o carinho e atenção que eu não recebi quando era pequena. Eu não digo que menti descaradamente quando falei que não sinto falta pelo o que perdi quando era criança, como vou sentir falta de uma coisa que eu nunca tive? Mas seria interessante recuperar o tempo perdido. Não vou conseguir sentir falta do meu pai, ele nunca foi um pai, ou até tentou, mas não foi um pai pra mim. Às vezes eu tinha a impressão que ele me teve apenas pra suprir um buraco vazio, pra ter um herdeiro de sua máfia e quando veio uma menina ele optou por ter apenas uma moeda de troca.

Bom, se eu soubesse que em algum momento eu iria conhecer uma pessoa boa de verdade eu teria recebido todos os insultos com mais alegria e mais conformada.

Agora, espero que Marcel possa descobrir quem é minha mãe verdadeira, porque papai só me enrolava.

Entrei debaixo do chuveiro quentinho, tomei um bem demorado e lavei meu cabelo com um shampoo que eu trouxe. Coloquei um pijama velhinho mas super discreto e uma pantufa preta com meias coloridas. Eu estava um charme, com roupas velhas, meias coloridas e com a cara beeem lavada enquanto meu cabelo pingava olhando minha blusa de mangas compridas. Saí do quarto e fui fazer exatamente o que Marcel me falou, explorar. Comecei a andar pelas portas, a maioria dos quartos estavam com as portas abertas, na verdade, todos. Um quarto, no final do corredor me chamou a atenção. Sua porta estava fechada e eu desconfiei que fosse o quarto de Marcel. Dei meia volta e fui explorar os outros corredores. A casa parece um labirinto mas por sorte decorei o caminho e cada passo que dei. Havia um quarto com a porta fechada também, mas a poeira na maçaneta me deixou curiosa. Coloquei minha mão e girei. Quando entrei me deparei com um quarto escuro, empoeirado e com lençóis brancos em seus móveis. A muito tempo ninguém vem aqui. Olhei pra trás conferindo que não tivesse ninguém. Fechei a porta e acendi as luzes. Eu sei que é ousado da minha parte, mas minha curiosidade sempre fala mais alto. Passei a mão em uma escrivaninha e meus dedos saíram pretos da sujeira. Fiz uma careta e limpei na minha calça preta.

Havia uma enorme cama de casal com cobertores grossos. Uma pequena mesa com uma louça que um dia foi branca mais ao lado e uma portinha. Entrei e descobri que era um banheiro com hidromassagem bem antiga. Caminhei pelo quarto e vi uma coisa quadrada e grande com um pano branco cobrindo, parecia ser um quadro. Puxei o tecido e realmente era um, porém um retrato de família pintado a tinta óleo.

Uma família feliz, sorridente. Um menino, uma linda mulher de cabelos bem *negros e um homem quase grisalho. O homem estava sentado em uma cadeira enorme, em seu colo estava a mulher usando um lindo vestido branco e o menino estava ao lado dos dois em pé.

_ Marcel?

Perguntei a mim mesma, mas *neguei na hora. Não era ele, o retrato estava muito bem pintado, era parecido, mas não era ele, eu tinha quase certeza.

Cobri novamente e explorei mais um pouco. Havia uma coisa de metal quadrada e pequena na parede, acho que era um cofre. Puxei a pequena maçaneta mas não abriu. Decidi que outro dia eu caminharia mais por aqui.

Apaguei as luzes e saí do quarto, andei pelo corredor escuro e comecei a descer as escadas.

_ Petit?

A voz de Marcel encheu meus ouvidos, me virei e vi que ele estava sentado na sala com um copo de suco nas mãos.

_ Oi.

Falei enquanto saltitava para o sofá em frente ao dele. O barulho da madeira queimando preencheu o silêncio que brevemente se formou entre nós.

_ Explorando?

Perguntou ele sorridente. Ele tinha nas mãos um celular.

_ Sim. O último quarto do corredor em que estou é seu ?

_ Sim. Cuidado para não se perder, a casa é enorme.

Disse ele enquanto voltava sua atenção para o celular.

_ Você já se perdeu?

Eu tinha vontade de solda-lo a respeito do quadro, mas senti que não seria uma boa ideia, de preferência que ele nem soubesse que eu estive naquele quarto.

_ Sim, quando eu era petit, menor que você.

Disse ele.

_ O que significa petit?

_ Pequeno. No seu caso, pequena.

Disse ele.

_ hum.

Me estiquei no sofá exibindo minhas meias coloridas com um furo enorme no dedão. Não senti vergonha, não estou nessa situação por vontade própria ! Acabei pegando no sono super rápido, não entendo o porquê sendo que dormi no avião, mas o calor da lareira e da casa me fizeram adormecer como se estivesse nas nuvens.

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