A noite já tinha caído, e com ela veio aquele cansaço que grudava no corpo. Eu estava no quarto, ajeitando o Pedro para dormir. Ele já estava meio mole, piscando devagarzinho, entregue ao carinho que eu fazia na cabeça dele. Aquelas últimas horinhas antes do sono profundo eram as mais doces, e as mais silenciosas também, porque logo mais começava a gritaria do Lucas na sala.
Desci com Pedro no colo, devagar, e o som da TV já me deu um aviso: o jogo estava rolando. Futebol. De novo. Eu só esperava que o time dele ganhasse, porque se perdesse, a paz da casa ia pro ralo.
Cheguei na sala e lá estava ele, largado no sofá, cerveja na mão, o rosto sério, tenso, quase amaldiçoando o juiz com os olhos. Lucas assistindo futebol parecia um animal em modo caça.
— E aí, está ganhando ou já está praguejando? — provoquei, parando ao lado do sofá.
— Tô tentando manter a calma. — ele resmungou, sem tirar os olhos da TV. — Mas se esse goleiro tomar mais um gol, eu juro que eu vou…
— Vai o quê? Jog