Eu estava de volta no meu território, o cheiro de sangue e pólvora ainda grudado na minha pele. A cena da praça martelava na minha cabeça, mas não como arrependimento. Era estratégia. Era poder. Era a porra da realidade que todo mundo aqui precisava engolir.
Olhei meu reflexo no espelho do escritório. O rosto inexpressivo, o olhar vazio. Lá dentro, nada além da certeza de que fiz o que precisava ser feito. Se alguém ousasse questionar minha autoridade depois daquilo, seria burro o suficiente para merecer o mesmo fim.
Pardal e Nego Rato estavam espalhados pelo morro, atentos, como devia ser. A mensagem tinha sido enviada, e quem não entendeu, ia entender na base da bala. Não existe segunda chance nesse jogo. Nunca existiu.
Mas tinha algo martelando minha cabeça de um jeito que eu não gostava. Isabela.
Porra, aquela menina me perturbava mais do que devia. Eu vi o medo no olhar dela, vi o choque gravado no corpo frágil quando se encolheu. Ela não deveria ter visto. Não ainda. Não dess