Narrado por Aurora
O céu estava cinzento, mas não chovia. O tipo de silêncio que pairava sobre os jardins da ala norte parecia escolhido pelos deuses — nem vento, nem canto de pássaros, nem movimento. Até a natureza parecia prender o fôlego diante da despedida de um príncipe.
Leonas seria sepultado com as honras da Casa Habsburg.
O corpo fora purificado em rituais antigos, lavrado com óleos lunares e envolto no manto dourado dos guerreiros de elite. Mas, ainda assim, era impossível esconder os sinais. A pele marcada pelas correntes. O corte aberto no tórax, onde antes batia um coração dividido.
O caixão repousava sobre o altar de pedra esculpido no século passado. Rosas prateadas e ramos de olíbano cercavam os degraus. Guardas da elite solar postavam-se imóveis ao redor. Alaric e Veronica estavam ajoelhados, em silêncio. Os olhos deles estavam secos, mas partidos de um jeito que palavra nenhuma alcançava.
Aurora observava tudo de longe.
Não quis se aproximar.
Não usava vestido midi. E