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Capítulo III - Silêncio Dourado: A Lâmina da Dor e o Laço Eterno

Narrado por Vlad:

O céu limpo do norte da Itália refletia com intensidade sobre os picos nevados dos Alpes enquanto nosso comboio avançava pelas estradas. A paisagem era de tirar o fôlego, mas o clima dentro dos veículos blindados era de tensão contida. Cada membro da comitiva lunar sabia que aquela missão carregava mais do que acordos protocolares — era o prenúncio de uma nova era, talvez de uma nova guerra.

Drones sobrevoavam silenciosamente o trajeto, monitorando cada centímetro de nossa movimentação. Agentes de segurança, em constante comunicação, mantinham o perímetro sob vigilância máxima. Meus olhos permaneciam fixos na estrada à frente, mas minha mente vagava. Algo em meu peito pulsava com urgência, como se estivesse sendo guiado por uma força que eu ainda não compreendia.

O castelo de Sonnenberg surgiu diante de nós, encravado na região norte da Itália, entre os Alpes italianos e o Tirol do Sul (Alto Ádige), próximo à fronteira com a Suíça. Era uma fortaleza branca, cujas muralhas tradicionais contrastavam com painéis espelhados e sensores de última geração. As bandeiras douradas, tremulando ao vento, ostentavam o símbolo do sol — e mesmo sua beleza não suavizava o peso da recepção que nos aguardava.

Ao adentrarmos o saguão principal, fomos recebidos com formalidade e discrição. O rei Leopold von Habsburg nos esperava ao lado da rainha Celina di Savoia. Ele nos cumprimentou com uma expressão grave, mas cordial. Ela, elegante como uma sacerdotisa ancestral, segurou as mãos da minha mãe com respeito e afeto. A ausência da princesa Aurora foi notada imediatamente. Seu nome não foi pronunciado — mas pairava no ar como um silêncio ensurdecedor.

Fomos conduzidos à sala de conselhos, uma câmara oval cercada por janelas arqueadas e ladeada por hologramas de segurança ativados por comando de voz. No centro, uma imensa mesa de mármore separava nossas delegações. Do lado oposto, estavam os conselheiros solares, tensos e visivelmente abalados.

Leopold iniciou, com voz firme, mas embargada:

— Na manhã anterior à chegada de vossas excelências, patrulhas da guarda solar interceptaram um deslocamento hostil nas florestas de Estrasburgo. Vampiros — mais de quinhentos. Cruzaram a linha de fronteira e avançaram para território neutro. Aurora liderava uma missão de reconhecimento... e foram atacados.

Mapas e imagens tridimensionais surgiram acima da mesa. Vídeos térmicos mostravam o confronto. O silêncio reinava enquanto assistíamos.

— Fiorella Ludmila foi gravemente ferida. Vittoria está na UTI, em estado crítico. Leonas Lorenzo... — a voz do rei falhou — está em coma.

Ele respirou fundo antes de continuar.

— E Aurora... Aurora está viva. Mas sua loba recuou. 

Celina completou com a voz trêmula:

— Desde então, ela permanece inconsciente. Seu corpo está frágil. Como o de uma humana. Lutando para sobreviver.

Um silêncio pesado caiu sobre a mesa. Meus olhos ardiam. Um calor estranho subia pelo meu pescoço. Senti como se a dor deles atravessasse meu peito.

— O que ela fez... — rompi o silêncio, minha voz baixa, mas carregada de emoção — foi mais do que bravura. Foi sacrifício. Aurora e sua comitiva enfrentaram o impossível e não recuaram. Lutaram por este reino como se fosse o seu lar. A Casa Lunar reconhece e honra isso. E compartilha dessa dor. Vocês não estão sozinhos.

O rei Leopold fechou os olhos por um instante. A rainha Celina assentiu com gratidão. Minha mãe segurou minha mão sob a mesa. E foi naquele toque que percebi o quão pessoal tudo se tornara.

Nicolae, o beta de meu pai, observava atento, medindo cada reação. Adrian, sempre ao meu lado, mostrava um semblante resoluto. Solas, de braços cruzados, parecia pronto para qualquer ordem.

Concluída a reunião, seguimos para um almoço no salão de vidro. A mesa estava posta com perfeição, mas pouco foi consumido. Palavras eram ditas com cautela. As dores ainda eram recentes, profundas demais para cortesias.

Ao final, a rainha se aproximou de minha mãe.

— Vamos visitar Aurora. Desejam recolher-se antes?

Minha mãe apertou suavemente suas mãos.

— Gostaríamos de vê-la, se não for incômodo. Como mãe, compreendo a delicadeza desse momento.

— Será uma honra tê-los conosco — respondeu Celina, com um sorriso triste.

Solon informou que se recolheria aos aposentos para organizar os relatórios da missão de seu pai. Adrian, por sua vez, se comprometeu a revisar os arquivos do nosso palácio junto de seu pai.

Fui com meus pais, a rainha e o rei para a ala médica do castelo, localizada em uma área protegida, isolada até mesmo da luz natural. O caminho era frio, silencioso, envolto por um ar pesado, denso. Enfermeiros abaixavam a cabeça em reverência à nossa passagem. A cada passo, meu coração acelerava.

— Quero que estejam preparados — sussurrou Celina diante da porta.

— A dor de vocês também é nossa — disse meu pai, solenemente. — Sentimos muito. Nenhum pai ou mãe deveria viver algo assim.

Minha mãe segurou a mão da rainha.

— Estaremos com vocês até o fim. Pela paz. Pela justiça. E por ela.

O rei Leopold agradeceu com um aceno comovido. Então, a porta se abriu.

O quarto era amplo, iluminado por luzes suaves. O cheiro de hortênsias misturava-se a âmbar e bergamota. Três aromas distintos, familiares. Eu os reconhecia. Eram dela. Somente companheiros de alma poderiam sentir a terceira essência de um lycan.

Senti como se um soco tivesse sido desferido contra meu rosto... Era ela? Ela era a minha companheira de alma?

Aurora estava inconsciente, conectada a monitores. Curativos cobriam seu rosto e braços. Havia hematomas por todo o corpo. Uma das pernas estava imobilizada. O rosto, desfigurado, escondia-se sob uma máscara de oxigênio.

Seus pais se aproximaram e a beijaram na testa. Os meus permaneceram afastados, em silêncio respeitoso. Eu, no entanto, não consegui dar mais um passo. Caí de joelhos no chão frio.

— Vlad! — minha mãe exclamou, ajoelhando-se ao meu lado.

Eu não a ouvi. A dor me atravessava como uma lâmina. Um peso ancestral me atingia com força. Minha testa queimava. Minha marca lunar brilhava, viva, como nunca antes. Eu sentia o sofrimento dela. Como se cada batida fraca de seu coração reverberasse no meu.

— Estou bem... — sussurrei, mesmo sabendo que não estava.

Caminhei até o leito, passos trêmulos. As lágrimas escorriam livremente dos meus olhos. Coloquei-me ao lado da cama e segurei sua mão.

O toque foi indescritível. Assim que minha pele tocou a dela, uma onda de vibração percorreu o quarto, como se uma força invisível tivesse sido ativada. Os sensores das máquinas oscilaram por um instante, e uma aura pulsante, dourada e prateada, envolveu nossos corpos. A conexão foi imediata e avassaladora. Naquele instante, senti as matilhas lunar e solar se unirem completamente — não por palavras ou tratados, mas por algo ancestral e sagrado. Um laço energético selado pelo vínculo entre companheiros de alma.

Uma onda de calor percorreu minha espinha. Era como se algo antigo despertasse dentro de mim. Uma força sagrada. A dor, o medo... tudo se dissolveu. Ficou apenas a certeza.

Minha marca brilhou intensamente. A marca solar na testa de Aurora respondeu. Um fio de luz vermelha surgiu, pulsante, conectando nossos pulsos. Os monitores vibraram. As luzes piscaram.

— Eu estou aqui, Aurora... — sussurrei, com a voz entrecortada. — Eu te encontrei. E não vou sair daqui até que você acorde. Nem que o mundo desabe lá fora. Nem que os deuses esqueçam quem somos. Eu esperarei. Eu prometo que isso jamais irá acontecer novamente.

Selei minha promessa com um beijo em sua testa.

— Companheiros de alma... — murmurou minha mãe, com a voz embargada.

Celina e Leopold choravam em silêncio.

E eu, ainda segurando sua mão entre as minhas, sabia, sem qualquer dúvida:

Eu a encontrei.

E nada mais no mundo seria como antes. Eu queimaria o mundo e o destruiria se algo assim acontecesse de novo com ela.

Após um momento em silêncio, meus pais se aproximaram silenciosamente do leito. Minha mãe passou suavemente a mão pelas minhas costas e ombro e disse:

— Filho, ela ficará bem. Só precisa de tempo. Que tal você descansar? — sussurrou ela.

Descansar? Ela estava quase morta. Haviam quase a matado. Eu queria arrancar membro por membro dos corpos daqueles malditos vampiros. Eles haviam tido muita sorte de estarem mortos. Meu lobo interior, Rubro, gritava em minha mente, desejando sangue.

Virei-me para encarar meus pais e minha nova família... Eu tinha consciência de que meus olhos estavam vermelhos, a cor dos olhos de Rubro. E decretei:

— Eu não vou sair daqui até que ela acorde. Gostaria de falar com o médico responsável por ela. Deve haver algo que eu possa fazer por ela. Eu sou seu companheiro — declarei firmemente.

Meus pais me encaravam e, em silêncio, trocavam olhares sem saber exatamente o que dizer.

Foi então que a porta se entreabriu com um leve rangido, chamando nossa atenção. Um par de botas de couro negro cruzou a soleira, seguido por uma figura ereta e orgulhosa. Fiorella Ludmila von Habsburg, a gamma da princesa Aurora, adentrou o quarto com passos firmes, ainda que visivelmente mancando. Seu pé esquerdo estava imobilizado por uma bota ortopédica, resultado direto do confronto. Mesmo assim, sua expressão não demonstrava dor, apenas a firmeza inabalável de quem carregava honra acima do sofrimento.

Ela usava o uniforme cerimonial solar parcialmente desabotoado, revelando curativos discretos sob a gola — ainda em recuperação dos ferimentos. Mas sua postura permanecia irretocável, a de uma guerreira que, mesmo quebrada, não se permitia fraquejar diante dos outros.

— Majestades... — ela disse com uma leve inclinação da cabeça, dirigindo-se aos reis e à rainha. — Me perdoem pela intromissão. Eu precisava vê-la.

Celina assentiu, abrindo espaço com um gesto silencioso. Fiorella aproximou-se do leito e parou ao lado oposto ao meu. Por um momento, nossos olhares se cruzaram. Havia reconhecimento ali. Ela sabia quem eu era para Aurora. E, surpreendentemente, não houve hostilidade. Apenas respeito.

— Ela sonhava com esse encontro desde que tinha dezesseis anos... — murmurou Fiorella, com a voz baixa, rouca. — Dizia que um dia a deusa a guiaria até ele. Que o dia viria... e que ela o reconheceria na dor. Eu... não entendi, até agora.

Minhas mãos apertaram com mais força as dela. Fiorella tocou levemente os dedos de Aurora, contendo as próprias lágrimas.

— Ela lutou por todos nós. Inclusive por mim. Eu estava lá... e ela me salvou — sua voz tremeu. — Eu daria tudo para que fosse eu aqui, e não ela.

A energia no quarto oscilava entre pesar e reverência. Até mesmo os monitores pareciam mais calmos.

— Ela escolheu viver por todos — disse, finalmente, encarando Fiorella. — Mas agora é nossa vez de lutar por ela.

A gamma assentiu com os olhos marejados.

— Então lutaremos juntos, Vossa Alteza. Até que ela volte. E depois disso... também.

— E ela voltará — disse o rei Leopold, com a voz mais firme, enxugando discretamente uma lágrima. — Já contatamos o médico real da Matilha Solar. Ele está a caminho. É um especialista em vínculos de alma.

— Sim — completou Celina, tocando de leve os ombros de Fiorella e depois voltando o olhar para mim. — Pedimos que ele viesse direto ao quarto. Sabíamos que algo especial aconteceria hoje. E agora temos certeza.

As palavras da rainha aqueceram meu peito com uma faísca de esperança.

Logo em seguida, a porta foi aberta novamente. Um homem de meia-idade entrou com passos apressados, trajando um jaleco branco com o símbolo solar bordado no peito. Seus olhos dourados, típicos dos curandeiros solares, analisaram rapidamente a situação.

— Vossa Majestade — saudou ele com uma reverência rápida. — Sou o doutor Elric Armand. Fui informado sobre o despertar da marca e do vínculo. Preciso verificar os sinais vitais dela e fazer alguns exames preliminares.

Afastei-me levemente para que ele se aproximasse do leito. Elric auscultou Aurora, verificou os monitores, tocou levemente sua testa e depois voltou-se para nós.

— O estado dela ainda é crítico, mas há uma chance real de estabilização. A marca lunar ativou um elo vital. E esse elo pode ser fortalecido com uma transfusão.

— Uma transfusão? — questionei, confuso.

— Sim — afirmou Elric, com seriedade. — O sangue de um companheiro de alma carrega propriedades únicas, reconhecidas pelas antigas linhagens. Quando compartilhado em estado puro, é capaz de acelerar a regeneração física e espiritual do outro. Já foi documentado em tempos antigos.

— Então use o meu sangue — respondi sem hesitar. — Todo o necessário.

Elric assentiu.

— Irei preparar tudo imediatamente. Precisaremos de privacidade.

Celina se adiantou.

— Providenciaremos. Nada impedirá que minha filha lute com tudo o que tem. E agora, com ele ao seu lado, temos uma nova esperança.

Ela então olhou para os demais presentes e, com um sorriso gentil mas determinado, falou:

— Vlad, ficaremos do lado de fora. Seus pais e nós iremos até a sala anexa. Leopold e seu pai tomarão um bom whisky para aliviar a tensão, enquanto Celina e minha mãe preferirão um chá reconfortante. Imagino que esse momento de pausa seja necessário para todos nós.

— Será bem-vindo, Majestade — respondeu meu pai com um leve aceno, tentando disfarçar a tensão nos ombros.

Minha mãe tocou meu rosto e beijou minha testa.

— Estaremos por perto, filho. Não hesite se precisar de nós.

Fiorella, visivelmente exausta, suspirou com discrição.

— Com licença, Majestades. Também pedirei licença para me recolher. Meus curativos precisam ser trocados e, honestamente, não consigo mais ficar em pé por muito tempo.

— Vá descansar, minha querida — disse Celina, com ternura. — Você fez mais do que o suficiente por todos nós.

Fiorella tocou levemente o ombro de Vlad ao passar.

— Cuide dela — sussurrou.

— Sempre — respondi, sem tirar os olhos de Aurora.

O quarto então ficou em silêncio. Somente eu, Aurora e o doutor Elric. Ele preparava os instrumentos com cuidado, ajustando tubos e conectores, enquanto eu me sentava ao lado do leito, segurando sua mão com ambas as minhas.

— Está pronto para isso? — perguntou Elric, olhando-me nos olhos.

— Já nasci pronto para salvá-la — respondi.

O médico conectou os equipamentos, inseriu a agulha em meu braço com precisão, e então iniciou a transfusão. O sangue percorreu o tubo cristalino em direção ao corpo ferido de Aurora. Uma luz suave, dourada e prateada, envolveu o quarto como uma bênção silenciosa.

Eu senti. A ligação entre nós crescia. Algo dentro dela se remexia. E dentro de mim, uma certeza se fortalecia: ela estava me ouvindo. Ela sentia minha presença.

E eu não sairia dali até vê-la abrir os olhos.

Um segundo médico, que acompanhava discretamente o procedimento ao lado de Elric, aproximou-se com um tablet em mãos e murmurou:

— Doutor Elric, os níveis de oxigenação estão estáveis. A atividade pulmonar melhorou de forma significativa.

Elric observou os dados e assentiu.

— Excelente. Podemos retirar a máscara de oxigênio. Ela não precisará mais dela.

Com cuidado, Elric retirou a máscara do rosto de Aurora. Pela primeira vez, pude ver seu semblante completo — mesmo marcado por hematomas e curativos, ela permanecia linda. A linha de sua mandíbula, o contorno dos lábios... era como ver algo sagrado retornar à luz. E mais que isso: era visível que parte dos ferimentos havia começado a se regenerar. A coloração de sua pele já não era tão pálida, e os cortes mais superficiais haviam começado a fechar. A transfusão estava surtindo efeito. Ela não apenas respirava melhor — estava, pouco a pouco, voltando à vida.

Minutos se passaram. O quarto estava envolto em silêncio. A transfusão prosseguia de forma constante, e eu permanecia ao lado dela, observando cada pequeno sinal de melhora.

Eu continuei ali, segurando sua mão, murmurando baixinho para ela não desistir, para continuar lutando. Não havia resposta. Nenhum sinal de que ela despertaria naquele momento. Mas o elo entre nós seguia ativo, vibrante, como uma corrente invisível de energia.

Ela ainda não acordaria — não agora —, mas seu corpo já respondia ao vínculo, reagindo ao sangue que corria entre nós. Foi então que senti uma leve pressão em minha mão. Olhei rapidamente para seu rosto. Seus olhos continuavam fechados, sua expressão serena. Mas sua mão, frágil há instantes, agora apertava a minha com uma força suave, quase instintiva.

Um murmúrio escapou de seus lábios, baixo, quase imperceptível. Inclinei-me mais perto, e então ouvi:

— Companheiro...

Foi como um sussurro vindo do fundo de sua alma, inconsciente, mas verdadeiro. Um chamado. Uma confirmação.

Meus olhos marejaram de novo. Ela estava lá. Lutando. Conectada a mim.

Fechei os olhos por um instante e, através do elo mental que unia as matilhas lunar e solar, enviei a mensagem:

— Ela está reagindo. A transfusão funcionou. Aurora apertou minha mão. Ela me reconheceu. Está viva. Ainda frágil, mas lutando. A conexão está firme.

Senti, de imediato, as respostas emocionais reverberarem na rede — alívio, fé, esperança. Sabia que, onde quer que estivessem, todos entenderiam o que isso significava.

E eu continuaria ali, firme, até que ela finalmente despertasse.

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