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Capítulo II - O Sinal do Herdeiro

Narrado por Vlad:

O território da minha família — a Casa Romanov — se estende sobre as sombras ancestrais da Romênia, Hungria, Eslováquia, Ucrânia Ocidental, Rússia Ocidental e partes da Sérvia. São terras marcadas por noites longas, florestas densas e segredos antigos. No coração desse domínio, entre os picos dos Cárpatos, ergue-se nossa fortaleza: Schloss Hohenwerfen. De pedra e lenda, ela é mais que um castelo — é o santuário da lua.

Foi ali que cresci, entre corredores frios e uivos distantes. Ali, aprendi que o silêncio fala. E que o sangue fala mais alto ainda.

Naquela manhã, após o treinamento com Sorin, meu pai convocou uma reunião urgente. O 'conselho' já nos aguardava na sala de guerra, onde mapas antigos se estendiam sobre a mesa de pedra.

Meu pai, o rei Dorian Ilieș Romanov, estava sério. Ao seu lado, minha mãe, a rainha Elena Cătălina Dragoș Romanov, mantinha a expressão controlada, mas os olhos denunciavam preocupação. Meu tio, o general Gregor Radu Ilieș Romanov, nosso gamma, permanecia calado. O beta Nicolae Cătălina Dragoș, irmão da rainha, trocava palavras baixas com sua esposa, Anisia Ilinca Dragoș, beta da rainha. À direita da mesa estavam Adrian, futuro beta e conselheiro, e Lavinia, estrategista diplomática e companheira de Sorin, que auxiliaria sua mãe no castelo. E ao meu lado, como sempre, Sorin Gregorov Romanov, meu braço direito e futuro gamma, filho de Gregor.

Discutíamos a segurança da viagem ao castelo de Sonnenberg, nos Alpes suíços, a movimentação incomum dos vampiros e, agora, um novo alerta: a fronteira nordeste da monarquia lunar havia sido violada. Relatórios indicavam que um grupo de lobos renegados havia atacado áreas rurais nas imediações de Novosibirsk, na Rússia — uma das regiões mais vulneráveis e distantes do nosso controle direto.

— Precisamos tomar uma decisão — disse meu pai, olhando para cada um de nós. — A situação nas fronteiras com Novosibirsk não pode ser ignorada. Não podemos arriscar que os lobos renegados avancem.

— Que seja enviada uma tropa — sugeri, firme. — Uma força bem treinada que mantenha presença, afaste ameaças e proteja as comunidades locais. Uma resposta clara, mas controlada.

Gregor assentiu, cruzando os braços com firmeza. — Eu irei pessoalmente liderar a linha de reconhecimento. Aquela região exige cautela, e não confio em mais ninguém para avaliar a gravidade do que está por vir. Se for uma ameaça real, saberemos rápido.

— E eu permanecerei no castelo — disse Anisia, com tranquilidade, mas firmeza. Seus olhos percorreram todos à mesa. — Alguém precisa garantir que as decisões sigam fluindo com equilíbrio. Se os dois pilares da coroa estiverem fora, a corte vacila. E não podemos permitir instabilidade agora.

— Lavinia me auxiliará — completou. — Ela conhece bem as rotinas do gabinete e pode lidar com os conselheiros locais.

Meu pai assentiu, trocando um olhar breve com minha mãe. — Então está decidido.

— Vlad — disse ele, voltando-se a mim —, você continuará à frente da segurança da viagem ao castelo de Sonnenberg. Essa missão exige presença de liderança, e você nos acompanhará. Sua mãe e eu iremos pessoalmente, acompanhados de Nicolae, nosso beta, e de Adrian, seu futuro conselheiro. Solas também integrará a comitiva. Precisamos garantir que essa missão seja conduzida com equilíbrio, força e inteligência.

— Estou à disposição da coroa — disse Solas, com um leve aceno. — E ao lado do príncipe, nenhuma falha será tolerada.

— Sim, Majestade — respondi, sentindo o peso da responsabilidade. O jogo político e militar estava em movimento. E eu sabia — aquilo era apenas o começo.

Foi então que meu corpo congelou por dentro. Uma onda quente subiu pelo meu peito e alcançou minha mente como um sopro cortante. Levei a mão à testa — minha marca lunar cintilava discretamente.

E então ouvi:

Pai... ajuda.

Não reconheci a voz, mas senti o desespero nela. Fraca. Feminina. Familiar e estranha ao mesmo tempo. Uma dor atravessou minha mente como se fosse minha. O eco daquela súplica vibrou como se tivesse saído do fundo do meu sangue.

Todos à mesa se voltaram para mim ao mesmo tempo. O brilho suave e prateado que emanava da minha testa não passou despercebido. Senti os olhares pesando sobre mim — surpresa, preocupação, receio.

— Vlad... o que está acontecendo? — perguntou minha mãe, sua voz baixa, mas carregada de tensão.

Demorei alguns segundos para responder. O coração ainda acelerado, a mente em turbilhão.

— Eu não sei ao certo... — murmurei. — Mas acho... acho que pode ser ela. Minha companheira de alma.

Um silêncio denso se espalhou pela sala. O tipo de silêncio que precede o destino.

Meus pais se entreolharam, sérios, como se confirmassem entre si o que temiam. Ambos haviam tido o mesmo sonho, na mesma noite — uma visão antiga, transmitida de geração em geração, envolta em segredo e reverência. A profecia dizia que, quando o verdadeiro herdeiro encontrasse sua companheira de alma, a marca despertaria, e o equilíbrio entre as raças sobrenaturais começaria a se alterar.

Esse escolhido não seria apenas um príncipe. Seria o Lycan dos Lycans. O rei dos reis.

Passaram-se algumas horas desde a reunião. O castelo, antes envolto em tensão silenciosa, agora fervilhava com os preparativos da missão diplomática. Técnicos de segurança coordenavam sistemas de comunicação, viaturas blindadas eram abastecidas, drones táticos eram calibrados para patrulha aérea e rastreamento em campo. Nada era deixado ao acaso.

O brilho da minha marca lunar ainda era assunto entre os mais próximos. Sorin me lançou um olhar de curiosidade contida enquanto Adrian, sempre atento, sussurrou ao meu lado:

— Nunca tinha visto isso acontecer com ninguém... E pensar que você talvez esteja ligado à profecia... — deixou a frase no ar, respeitando meu silêncio.

Minha mãe, enquanto repassava documentos com Lavinia, olhava para mim com algo entre orgulho e inquietação. Eu sabia que, para ela, aquilo era mais que um sinal — era um prenúncio de mudança.

Enquanto Solas coordenava os bloqueios de rota e Nicolae revisava os termos do protocolo diplomático, eu apenas observava, com o peso de algo maior que dever.

Eu não tinha dúvidas. Aquela viagem mudaria tudo.

O clima era de urgência, mas também de expectativa. Eu sabia que aquela viagem mudaria tudo.

Na ala leste, a equipe médica organizava suprimentos de emergência, comunicadores internos e protocolos de resposta rápida. A guarda de elite se preparava em silêncio, testando armas de fogo de última geração, coletes táticos, e sistemas de rastreamento sincronizados com satélites. O cenário era moderno e eficiente, moldado pela precisão de uma monarquia que, mesmo antiga, havia evoluído com o tempo.

Durante os preparativos, ouvi ecos da conversa entre soldados e técnicos nos corredores:

— É verdade? A marca do príncipe brilhou? — perguntou um dos novos recrutas.

— Brilhou diante do conselho inteiro — respondeu outro, mais experiente. — Dizem que é o sinal da profecia. Que ele é o escolhido.

Esses murmúrios se espalhavam pelo castelo como corrente elétrica. Mas eu apenas caminhava em silêncio pelos corredores de vidro escurecido, observando minha própria imagem refletida nas janelas. A marca ainda pulsava suavemente em minha testa, como se algo dentro de mim estivesse apenas começando a despertar.

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