Capítulo 38
O silêncio pairava no aposento como uma presença viva, quebrado apenas pelo som distante de folhas sussurrando ao vento lá fora. A fenda no espelho havia se tornado uma rachadura viva, pulsando em tons escuros e prateados, como se respirasse por si só. Aurora observava-a da cama, o colar apertado contra o peito, enquanto Cael permanecia em pé diante da rachadura, o olhar fixo e sombrio.
— Isso não é só um reflexo quebrado — disse ele em voz baixa, quase reverente. — É uma ruptura.
Aurora se sentou devagar, ainda pálida pelos eventos da noite anterior. Seus dedos trêmulos tocaram a madeira entalhada da cabeceira.
— Uma passagem — completou ela. — Entre mundos.
Cael virou-se lentamente para ela, os olhos dourados faiscando.
— Entre o nosso... e o dele.
Nenhum dos dois ousava pronunciar o nome de Lucian em voz alta naquela manhã. Como se dar forma ao som fosse trazer sua presença de volta.
Antes que pudessem continuar, o ar ao redor da fenda oscilou. Uma brisa gélida soprou d