Ele não soltava a minha mão de jeito nenhum, como se quisesse cravar ali uma declaração silenciosa. Fiquei constrangida. Estávamos diante do amigo dele, sócio, e da ex-namorada. Se é que dá pra chamar aquilo de namoro. Pelo que Mar me contou, foi apenas um melodrama: ela se apegou demais e ele nunca correspondeu. Ainda assim, a lembrança me corroía, como se abrisse espaço para uma insegurança incômoda. Será que comigo seria diferente ou eu seria apenas mais uma na lista de sentimentos rasos?
Mas ele parecia decidido a me tirar dessa dúvida. Sem uma palavra, jogou nossa discrição para o alto. Apertou minha mão, puxou-me pela cintura, e me manteve ali, perto dele, sem esconder nada. O gesto caiu como uma bomba no ar. Vi o espanto estampado nos olhos deles — surpresa, talvez até choque.
E eu, mesmo tentando disfarçar, sentia o coração disparar com o medo.
— Que bom que você veio, Miguel — Omar disse, com a voz grave, bem ao meu lado.
Eu não tive coragem de me soltar dele. Estávamos diant