Não dava para acreditar que eu aceitei aquilo. Ainda parecia um pesadelo mal costurado, daqueles que a gente tenta esquecer ao acordar, mas que fica grudado na pele o dia inteiro. Eu sabia que era necessário. Era a vida do meu irmão, da minha avó, da minha família inteira que estava em risco. Mas, mesmo assim… aquela mulher me tratou de uma forma tão baixa, tão humilhante, que comecei a questionar se eu era mesmo aquilo que ela enxergava em mim: suja, aproveitadora, alguém disposta a tudo por dinheiro.

E talvez fosse. Porque eu aceitei.

O pior de tudo era esse sentimento que crescia dentro de mim, como um nó no estômago. Era como se eu já estivesse presa em uma mentira antes mesmo dela começar. Eu não sabia ser assistente. Não sabia seduzir ninguém. Mal sabia lidar com meus próprios sentimentos, quem dirá manipular os de outra pessoa. Eu não fazia ideia de como aquilo ia terminar — só sabia que havia começado da pior forma.

A única pessoa no mundo com quem eu podia dividir tudo era a