Desde o dia em que Penélope me mostrou aquele áudio, a minha vida se transformou em um inferno silencioso. Um desses que não gritam, não explodem, mas corroem por dentro, dia após dia. Nada mais voltou a ser simples. Eu não consigo mais ser feliz por inteiro. Sorrio, às vezes, é verdade — mas é um sorriso emprestado, frágil, que dura pouco demais.
O casamento está indo por água abaixo, mesmo que ninguém além de mim perceba por completo. Omar percebe, claro que percebe. Ele sempre percebe. E isso é o que mais dói. Ele me observa com cuidado, como quem tenta decifrar um quebra-cabeça que não entende por que mudou de forma. Pergunta se fez algo errado, se disse alguma coisa que me machucou, por que eu não sorrio daquele jeito que ele diz amar tanto. Aquele sorriso que, segundo ele, ilumina qualquer lugar. Eu desconverso. Mudo de assunto. Minto.
Há momentos bons, raros, em que eu esqueço. Em que rio de verdade, em que me deixo levar pelo carinho dele, pelo calor do abraço, pela normalidad