Henrique chega na empresa e sobe para o último andar. Como de costume avisaram Alice na recepção sobre sua chegada e ela estava em pé na frente do elevador o aguardando com pastas nas mãos. Assim que a porta do elevador abre, ela sorri para ele educadamente.
Alice era uma bela moça loira, muito educada e super prestativa, admirava Henrique, mas jamais tentava se insinuar para ele, primeiro por respeito, segundo por saber quem ele era e terceiro por gostar de seu amigo e braço direito Felippo.
— Bom dia Sr. Marichelli, aqui estão os contratos que deve assinar, os dois da frente. — Ela diz o seguindo. — Os do meio são os que pediu para o advogado revisar e por último está o dossiê da reunião das onze.
Henrique pega as pastas da mão de Alice e vai andando para sua sala.
— Bom dia Alice, Felippo já chegou? E meu pai?
— Felippo ainda não chegou, seu pai está aguardando em sua sala.
Henrique parou a olhando na frente da porta de sua sala que estava fechada.
— Algum dia ele me dará paz?
Alice sorri dando de ombros enquanto retorna em sua cadeira entre as salas de Henrique e seu pai Sr. Franco Marichelli.
Antes de entrar Henrique respira fundo, leva a mão na maçaneta e entra vendo seu pai em pé olhando para a cidade abaixo. O prédio era todo de vidro por isso dava para ver tudo que se passava lá fora.
Franco ao ouvir a porta, se vira olhando Henrique entrar.
— Boa tarde Henrique.
— Papai, são apenas nove e meia.
— Estou aqui desde as sete, deveria fazer o mesmo, deveria dar valor a tudo que conquistei e se empenhar mais, como posso deixar todo esse legado em suas mãos?
— Deixando, até agora não deixei a desejar deixei? Pelo contrário. — Henrique j**a as pastas sobre sua mesa e aponta.
— Tem mais dois contratos que estou fechando além do de hoje com os Fattielo.
Franco o olhou parecendo interessado.
— Devia confiar mais em mim pai. Falta menos de um mês para se aposentar, vai continuar vindo todo dia me dizer que sou incompetente?? Acho que já provei o contrário. — Reclama Henrique.
— E sobre a confusão desta noite?
Quando Henrique ia responder duas batidas são ouvidas na porta.
— Pode entrar. — Autoriza Henrique, sabendo que deve ser seu braço direito.
A porta abre e Felippo entra todo animado como sempre. Felippo era o típico galã bem humorado e descontraído, era desde de pequeno melhor amigo de Henrique e seu secretário pessoal para todos os efeitos. Não havia uma pessoa que Henrique confiava mais do que Felippo, que na família, era seu Consigliere.
— Nosso Dom estava me perguntando sobre a confusão de hoje na boate. — Com a entrada de Felippo, Henrique muda sua postura com o pai, demonstrando seu respeito ao seu Dom.
— Bom dia Dom, bom dia Henrique, aaah Aquilo? Não foi nada demais, caso abafado. — Ele diz rindo. — Dois idiotas resolveram vender drogas lá dentro. Um deles matou o outro e o outro eu dei um jeitinho. Nada demais.
— Espero que tenha feito tudo direito Felippo, se isso sair na mídia...
— Não se preocupe Dom, não sairá. — Felippo senta no sofá enquanto os dois ainda estão de pé e percebe os dois o olhando.
— O que? Enquanto vocês dormiam eu apagava os incêndios. — Ele se justifica por estar sentando.
— Bom, vou trabalhar, até a reunião. — Franco sai e Henrique encara Felippo com os braços cruzados.
— O que não está contando??
— Como sabe que não contei algo? — Henrique senta no outro sofá com ar de diversão.
Henrique e Felippo, são amigos desde que nasceram, os dois com a mesma idade, com apenas dois meses de diferença, sempre foram melhores amigos, e por vezes, se chamavam de irmãos, pois tinham gostos e ideias parecias, além de que todos achavam que eles eram parecidos fisicamente.
— Só te conheço o suficiente, dei um jeitinho? Por que não matou o outro? Desembucha.
— Quando eu disse que dei um jeitinho que me entreguei? Na próxima vou fazer melhor. — Ele ri se divertindo com tudo aquilo. — Não, de verdade não o matei, ele está no galpão. É apenas o filho da Puta do Gustavo.
Henrique olha surpreso para Felippo, não esperando ouvir aquilo.
Gustavo era um traficante considerado fraco no mundo da máfia, ele era aliado de uma facção da qual eles estavam destruindo, pois simplesmente estavam no território dos Marichelli. Gustavo era nada mais nada menos que o braço direito do cabeça dessa facção, o que os levaria a chegar aonde queriam.
— Ele teve a ousadia de vender drogas na minha boate? — Henrique se levanta puto da vida.
— Ele não sabia, depois de se esconder por tanto tempo ficou sem grana, estava desesperado, bom, agora vai ter algo para te tirar do tédio, me agradeça por isso. — Disse brincando com Henrique.
— Tédio? Quem disse que estou entediado?
— Casado? Eu estaria. — Deu de ombros e torceu a boca.
— Aaah meu irmão, não conhece a Lena. — Ele ri, se lembrando dos momentos coma esposa. — Impossível ficar entediado com aquela mulher.
— Deixa passar uns anos e a gente conversa.
— Você a subestima sempre.
Henrique se levanta e vai para sua mesa onde senta, se concentrando no trabalho. Felippo aproveita a calmaria momentânea e deita no sofá, na intenção de tirar um cochilo fazendo Henrique rir de tal ato, inconformado com o jeito do amigo.
Após o dia cheio e duas reuniões sendo uma as onze e uma as quinze, Henrique sai com Felippo da empresa e vão direto para o galpão, que estava cheio de seus homens. Ali, não era apenas o lugar que eles usavam para torturar a todos, mas também onde aconteciam os treinamentos.
Conforme Henrique passa pelos homens, todos o cumprimentam abaixando a cabeça em sinal de respeito.
Já dentro da sala de interrogatório, Henrique encara Gustavo amarrado em uma cadeira e sorri fazendo sinal para que um dos seus homens o acordasse.
Assim que sente a água fria em seu corpo, Gustavo acorda assustado e arregala os olhos ao ver Henrique parado a sua frente de braços cruzados e um olhar diabólico.
— Marichelli? Eu, eu...
— Virou gago foi? — Felippo riu e Henrique se aproximou, ficando frente a frente com o negro a sua frente.
— Gustavo vou te dar a chance de falar sem sofrer, para quem entregou o meu contêiner?
— Que contêiner? Eu não tive nada a ver com aquele roubo.
Henrique respira fundo e balança a cabeça em negativa.
— Resposta errada. — Henrique que estava com um soco inglês em sua mão, deu um soco em Gustavo que se manteve firme e o encarou.
— Pra quem entregou meu container?
— Eu não tive nada com isso, eu juro, por favor, me deixa ir.
Henrique negou com a cabeça e um sorriso perverso surgiu em seu rosto.
— Bom, já que está pedindo. vamos a diversão.
Henrique caminhou até uma mesa onde tinha vários artefatos de tortura, deixou o soco inglês e passou o dedo por cima dos objetos, pensando na forma que se iria se divertir hoje. Ele levou a mão em um alicate e um instrumento usado por dentistas para abrir a boca do paciente e voltou até Gustavo.
— Caio segura a cabeça dele para mim.
Gustavo arregalou os olhos vendo os objetos na mão de Henrique, já sabendo o que o aguardava.
— O que vai fazer?? Henrique por favor.
— Henrique? Não ouse me chamar pelo nome seu verme.
Caio para atrás de Gustavo e segura sua cabeça. Henrique abre a boca de Gustavo que tentou travar a mandíbula, mas abriu quando sentiu Caio apertar seu ombro em um ponto específico que doeu bastante. Henrique encaixa o aparelho na boca de Gustavo e enfia o alicate fazendo força e tirando um dos dentes da frente da parte de baixo da boca de Gustavo que urrou de dor enquanto o sangue escorria por seu queixo.
— Esse é por me chamar de Henrique. — Ele leva o alicate em outro dente, agora na parte de cima, arrancando sem misericórdia. — Esse é por diversão.
Felippo puxa uma cadeira, sentando e apreciando a cena, gostando da diversão.
— Que tal mais um? — Henrique se prepara para arrancar mais um, rindo com a diversão de ver o homem chorar de dor a sua frente.
Gustavo olhava desesperado tentando falar, o grito de dor rugindo de sua garganta, o objeto que estava em sua boca o impedia de falar. Ele sacudiu o corpo na cadeira, em pânico pela dor que sentia, o sangue manchando sua camisa e as lágrimas escorrendo por seu rosto. Mais um grito de dor, com o terceiro dente arrancado. Gustavo engasga ao gritar, com o sangue o sufocando na goela.
— Tentando me dizer algo Gustavo? Estou curioso, mas acho que preciso igualar a situação aqui dentro.
Henrique então arrancou mais um dente de Gustavo, ao arrancar Gustavo gritou muito de dor e o sangue espirrou na roupa de Henrique que resmungou enquanto tirou o objeto da boca de Gustavo, que estava visivelmente mole por conta da dor e pela perda de sangue que ainda escorria caindo por toda sua roupa e pingando no chão.
— E agora, vai me dizer? Ou preciso agora arrancar algo mais valioso de você? Talvez isso que você usa para se satisfazer.
Henrique levou o pé entre as pernas de Gustavo que permanecia mole e sentado amarrado na cadeira, Gustavo tentava reagir mais era impossível, as cordas o amarravam fortemente.
Ele sentia Henrique pisar sem misericórdia em seu pênis, o fazendo urrar ainda mais pelo dor causada.
— Foi para o Erik, o Erik me pagou para roubar o contêiner, mas eu juro que não sabia o que tinha dentro e nem sei o que ele fez depois. É tudo o que eu sei, juro.
Gustavo respondeu ainda engasgando com a quantidade de sangue em sua boca, ele já falava mole, quase apagando pela fraqueza.
— Porque vocês gostam tanto de sofrer? Não é mais fácil falar antes de sentir dor? Às vezes acho que gostam de sentir dor.
Henrique sorri e se vira na direção de Felippo.
— Todo seu. — Ele sai e Gustavo grita para ser solto, mas o grito cessa quando Felippo atira em sua cabeça tirando sua vida.
Caio e outros dois que estavam naquela sala se aproximam de Gustavo, na intenção de dar fim ao corpo. Enquanto Felippo sai indo atrás de Henrique que estava do lado de fora encostado no carro o esperando com um cigarro em mãos.
— Dá pra acreditar? Erik?
— Não sei não, o que ele ganha com isso? Papai não vai gostar nada.
— Eu não quero estar perto.
Henrique respira fundo levando as mãos no rosto, não estava acreditando que seu primo Erik estava por trás disso. Seu pai o criara desde pequeno quando seu tio morreu. Erik era o favorito de seu pai, mais que ele e seus irmãos Gael e Isabella.
Henrique que estava fumando larga o cigarro no chão e faz um gesto para seu motorista, que se aproxima com uma camisa limpa, já que a dele estava coberta de sangue. Em seguida ele entra no carro, seguido por Felippo.
— Paulo, segue para casa por favor.
— Não vai dizer ao seu pai? — Felippo o questiona confuso.
— Sem provas? Não Felippo, ele vai defender o Erik. Vamos atrás de provas, quero fazer as coisas direito e quero saber o porquê ele fez isso, meu pai dá tudo o que ele quer. Não consigo entender.
— Talvez esteja querendo te prejudicar de alguma forma e assumir seu lugar como Dom.
— De que vai adiantar? Ele não pose assumir, o lugar seria do Gael. Não faz sentido.
Após um tempo Henrique e Felippo descem do carro e entram na mansão de Henrique. Nana aparece para recebê-los com um sorriso feliz em seu rosto.
— Boa noite meninos, Felippo vai ficar para o jantar? — Ela diz pegando o paletó de Henrique e em seguida o de Felippo.
— E eu vou recusar sua comida?? Jamais Nana.
Felippo agarra Nana a enchendo de beijos e ela ri tentando se soltar.
— Você não muda né menino.
Felippo e Henrique riem e Felippo a solta, indo para o sofá.
— Nana, onde está Lena?
— Sra. Lena chegou a pouco e foi se deitar, reclamou de dor de cabeça.
— Ok, vou tomar um banho e já desço.
Henrique sobe e Nana vai para a cozinha seguida por Felippo que estava como sempre disposto a atormentar Nana.
A governanta de Henrique, antes era a babá de Henrique, Felippo e Gael. Depois que Henrique casou, a levou consigo, pois não gostava da forma como o pai a tratava, sempre com grosserias e humilhações.