Não fazia ideia de como meu coração ainda conseguia bater com tudo o que estava acontecendo. Talvez fosse o instinto. Talvez fosse só amor, em sua forma mais crua.
A consulta estava marcada para às 9h. Passei a noite acordando de tempos em tempos, tocando a barriga ainda discreta, como se pudesse sentir alguma resposta, algum sinal de que o bebê estava bem. Era cedo, eu sabia. Mas cada enjoo, cada tontura, cada silêncio me deixava num limbo entre esperança e medo.
Matheus foi o primeiro a acordar. Ele me chamou baixinho, de leve, com um beijo no ombro e os olhos ainda sonolentos, mas mais calmos do que nos últimos dias. Desde a visita do seu pai, era como se algo tivesse se rearranjado dentro dele — não sem dor, mas com clareza.
No carro, segurou minha mão o caminho todo. De vez em quando, olhava para mim com um sorriso meio bobo, meio nervoso.
— Acho que tô mais nervoso que você — ele confessou, apertando minha mão. — Tem algo... diferente hoje.
— É porque a gente vai ver o bebê. — T