O uivo baixo e primal ainda ecoava em meus ouvidos, um som que fazia meu coração disparar e minha loba se eriçar. A floresta estava silenciosa, mas o ar pesava, carregado com aquele cheiro selvagem que me envolvera momentos antes. Meus pés descalços afundavam na terra úmida, o vento frio cortava minha pele, mas eu não recuei. Minha loba rugia, exigindo que eu avançasse, que descobrisse quem — ou o que — me observava das sombras. Cada músculo do meu corpo vibrava, alerta, enquanto meus olhos varriam a escuridão entre as árvores.
— Mostre-se! — gritei novamente, minha voz rasgou a noite, mas o silêncio respondeu com uma quietude que parecia zombar de mim.
Então, eu o vi. Um par de olhos dourados, brilhando como brasas, me encarava de trás de um carvalho retorcido. Um lobo negro, maior do que qualquer outro que já vir, emergiu parcialmente das sombras. Sua pelagem reluzia sob o luar, cada músculo delineado como se fosse esculpido em obsidiana. Meu peito apertou, o ar preso nos pulmões. M