Mundo ficciónIniciar sesiónSofia me apresentou a Alex, que estava à mesa com outros homens. Um "oi" tímido foi minha saudação. Alex lembrava Salvatore, mas mais baixo, sem tatuagens e com um corte militar. Seu rosto, menos severo, oferecia um vislumbre de simpatia. Beijou minha mão, convidando-me a sentar. Dispensando os amigos, fixou seus olhos em mim.
__"Então você é a famosa Helena", disse ele. "__Famosa?", questionei. Antes que Alex pudesse responder, Salvatore surgiu, segurando meu braço com força. __ "Só estávamos conversando, irmão", Sofia tentou amenizar. Ignorando-a, Salvatore lançou um olhar gélido a Alex: __"Nem pense em tocá-la. Ela é minha." Alex, com um sorriso enigmático, assistiu enquanto Salvatore me arrastava para longe. __"Já mostrando suas asinhas, seduzindo meu irmão não é mesmo Helena?", acusou Salvatore. Atônita, tentei me defender de suas acusações infundadas. __"Sua irmã só queria me apresentar sua família." Ele me ignorou. __"Quero você longe de Alex, entendeu?" Logo, fomos chamados para a dança dos noivos. Salvatore me arrastou para a pista, apertando-me contra si com uma possessividade dolorosa. Seus dedos cravavam em meu quadril enquanto nos movíamos pelo salão, e eu me sentia como uma prisioneira em seus braços. O alívio que senti ao fim da dança foi momentâneo, como um suspiro antes da tempestade. Meus pais vieram me abraçar, mas o aperto de minha mãe carregava o peso de sua tristeza, um espelho da minha própria angústia. A lua de mel, outrora um sonho, agora era um pesadelo iminente, um arrepio gélido que me percorria a espinha só de pensar. Sofia se despediu com um abraço caloroso e sincero. ___"Até logo, cunhada! Vou adorar ter você morando conosco." __ "Igualmente", respondi, agarrando-me à ideia de que Sofia seria um farol em meio à escuridão daquele casamento arranjado. Richard apertou a mão do filho, um gesto frio e formal, mas seus olhos... Ah, aqueles olhos trocavam mensagens silenciosas, segredos indecifráveis que pairavam no ar como uma ameaça. Pegaram minha mala, e seguimos sob os aplausos vazios dos convidados, como se eu fosse uma peça de um teatro macabro. Salvatore entrou no carro, aguardando-me com uma impaciência silenciosa. Hesitei, sentindo-me como um cordeiro sendo levado para o sacrifício. Abracei minha mãe uma última vez, buscando em seu rosto um consolo que ela não podia me dar. ___"Vai ficar tudo bem", sussurrou ela, mas suas palavras soavam como uma súplica, não uma promessa. "Só não resista." Entrei no carro, e ele arrancou em alta velocidade, rasgando a noite como uma faca. O silêncio no interior era opressor, quebrado apenas pelo ronco do motor e pelo turbilhão de pensamentos que me assaltavam. Finalmente, quebrei o silêncio. ___ "Para onde estamos indo?" A resposta demorou uma eternidade para vir, cada segundo esticando a corda da minha ansiedade. __"Para a casa de campo. Minha casa de campo." E assim, seguimos em silêncio, engolidos pela escuridão da estrada, até que a imponente mansão surgiu no horizonte, um castelo sombrio que se erguia como um prenúncio do meu destino. O carro parou na garagem. Salvatore saiu, deixando-me com as malas. Semicerrei os olhos, peguei minhas malas e adentrei a casa. Lá dentro, ele apontou vagamente para a escadaria e o quarto, e assim, subi com a mala pesada, sentindo cada degrau como um fardo. Eu sabia que a lua de mel no exterior era uma fantasia distante. Salvatore tinha negócios urgentes a resolver, por isso tínhamos vindo para casa de campo. Suspirei e entrei numa suíte enorme, decorada com flores sobre a cama. Olhei para aquela cama como se fosse o meu próprio cadafalso. Coloquei a mala no chão, peguei uma toalha e fui tomar um banho. O banheiro era tão grande que parecia um quarto. Havia uma banheira convidativa, mas optei pelo chuveiro. Vesti uma das camisolas que minha mãe havia comprado, cada uma mais ousada que a outra. Escolhi uma rosa de seda, um pouco mais recatada, escovei meus cabelos, perfumei-me e sentei na cama, aguardando o inevitável. As horas se arrastaram, e a ansiedade crescia. Não sabia se deveria me sentir aliviada pela ausência de Salvatore ou temer o que estava por vir. Exausta, acabei deitando e adormecendo. A madrugada me despertou, e a solidão era uma presença constante. Envolvi-me no robe e desci as escadas em silêncio, apenas para encontrar Salvatore, prostrado no sofá, um mar de garrafas vazias ao seu redor. O choque me impulsionou de volta ao quarto, onde a insônia me manteve refém. A manhã invadiu o quarto com o som de passos decididos. Salvatore surgiu, envolto em nada além de uma toalha, um espetáculo de músculos esculpidos e pele adornada com um bestiário de tatuagens sombrias. Caveiras, símbolos de morte... Sua pele contava histórias que eu ainda não estava pronta para ouvir. Um grito involuntário escapou dos meus lábios, e me encolhi sob as cobertas. __"Que gritaria é essa a essa hora?", resmungou, a voz rouca de sono e... desapontamento? __"O que você está fazendo no meu quarto desse jeito?", a pergunta soou mais defensiva do que eu pretendia. ___"Nosso quarto", corrigiu, vestindo uma camiseta branca que se moldava ao seu corpo como uma segunda pele. Salvatore desapareceu no banheiro, emergindo minutos depois, vestido e com os cabelos presos em um coque displicente. Observei, quase hipnotizada, a coreografia de seus movimentos, a forma como alinhava a barba, a maneira como a luz dançava sobre seus músculos. __"Vou sair. Desça para tomar café", disse, e então, simplesmente se foi. Após me recompor, encontrei Amanda na cozinha, um rosto gentil em meio àquele turbilhão de emoções. " __Olá, senhora. Sou Amanda, e cuidarei da casa enquanto estiverem por aqui." __"Pode me chamar de Helena." __"Aceita café? Aceitei, mas o silêncio à mesa era ensurdecedor, pontuado apenas pelo tilintar dos talheres. Meus pensamentos giravam em torno da noite anterior, da ausência de Salvatore, do mistério que ele representava. Deveria me sentir aliviada por ter sido evitada? Ou desapontada por não ter sido desejada? O dia se esvaiu, levando consigo a breve companhia de Amanda. Sozinha, fitava a escuridão da noite, desejando e temendo que o homem voltasse.






