Mundo de ficçãoIniciar sessãoQuando chegamos à casa de campo, ordenei que ela subisse. Embriaguei-me deliberadamente, buscando uma desculpa para evitar o encontro inevitável, para não ter que encarar minha esposa, à espera, pronta para a consumação.
Na manhã seguinte, ao subir para tomar banho, encontrei-a em sono profundo. Por um instante, observei a pequena mulher, vestida com uma camisola que gritava sensualidade. Joguei uma coberta sobre ela, protegendo-a, e segui para o banho. Enrolei a toalha ao redor do corpo e voltei ao quarto para terminar de me arrumar. Ela acordou, fitando-me com um olhar atônito, como se nunca tivesse visto um homem seminu (e provavelmemte nunca viu ). De repente, um grito agudo ecoou pelo quarto, assustando-me. __Que gritaria é essa a essa hora? Resmunguei, tentando entender o que estava acontecendo. Ouvi a voz dela, medrosa: ___ "O que você está fazendo no meu quarto desse jeito?". Respondi de imediato, corrigindo: __"Nosso quarto". Estava com uma toalha apenas na cintura, vesti uma camiseta branca e fui terminar de vestir no banheiro para evitar mais escândalos. Sair do banheiro já pronto . ___"Vou sair. Desça para tomar café", avisei, e sem mais delongas, saí. Agora, sentado no escritório que usava para lavar dinheiro da máfia, trabalhava em um negócio importante, uma peça fundamental do meu esquema. Depois de terminar, decidi ir ao pub onde encontrei Lorenzo. — O que está fazendo aqui, trabalhando, homem? Não era para estar na lua de mel? — ele perguntou, com uma expressão de surpresa. — Não sei que lua de mel, esse casamento é só negócio pra mim — respondi, com um sorriso amargo. — A coitada da noiva sabe disso? — ele questionou, levantando uma sobrancelha. — Ainda não. Ontem, bêbado, dormi no sofá pra não precisar explicar nada. Mas hoje vou ter que falar com ela. — E como acha que ela vai reagir? — Lorenzo insistiu, sério. — Não faço ideia , mas independente da reação terá que acabar aceitando. Antes de voltar para a casa de Campos, passei no apartamento da Lívia, mas ela não estava lá. Tinha ido para a boate dançar. Odiava esse trabalho dela, que ela insistia em manter. Quando cheguei, ela estava no palco, os homens uivando como animais. Assim que ela desceu para o camarim, um deles a agarrou pelos braços. Sem pensar, agarrei o homem e dei um soco na cara dele. Ele caiu, mas continuei socando até que a segurança interveio. — O que houve, Salvatore? — uma voz preocupada me chamou. — Ora, estava defendendo minha mulher — respondi, ofegante. — Não precisava disso. Eu sei me cuidar — ela retrucou, com uma expressão de desafio. — Você não sabe, não. Se soubesse, não viria dançar aqui — insisti. — Não vem julgar meu trabalho, Salvatore. Diferente da sua esposa, que foi criada com regalias e tratada como princesa, eu sempre tive que trabalhar — ela respondeu, com firmeza. — Por que falou dela? — perguntei, desconfiado. — Porque acho que está nos comparando. Volte para casa — ela respondeu, com determinação. Ela me deu as costas, furiosa. Senti uma raiva subir e, sem pensar, soquei a parede. Minha mão doía, toda machucada, enquanto o impacto ecoava forte. Acabei destruindo a parede. Dirigi de volta para a casa de campo, estacionei na garagem e entrei no casarão silencioso. Subi ao quarto, tentando fazer o menor barulho possível para não acordar minha esposa. Ia só trocar de roupa e pegar um travesseiro para dormir lá embaixo. Troquei de roupa no escuro, para não acender a luz. Então, ouvi a voz dela, nervosa: — Quem está aí? — Sou eu — respondi, com a voz baixa. Ela acendeu a luz, me fitando como se eu fosse um alienígena. — Me assustou, por que não acendeu a luz? — ela perguntou, nervosa. — Porque não queria te acordar — expliquei, tentando parecer calmo. Ela vestia um pijama folgado. Notando meu olhar, ela corou. — Se quiser, posso trocar por uma camisola sexy. Como você demorou, achei que não viria, então decidi dormir confortável — ela falou, com uma tentativa de brincadeira. Me aproximei dela, encarando-a. Ela desviou o olhar, e segurei seu queixo delicado, forçando-a a me olhar. — Por que acha que eu ia querer você vestindo uma camisola sensual? — perguntei, sério. Ela se encolheu, sem responder, mas logo percebeu minha mão machucada. — O que foi isso na sua mão? — ela perguntou, preocupada. — Machuquei — respondi, sem contar que tinha quebrado a cara de um pervertido. — Me deixa te ajudar, ou vai ficar pior amanhã — ela insistiu. — Não precisa, estou acostumado — tentei minimizar. Ela me ignorou e desceu correndo as escadas, pegando uma bolsa de gelo para colocar na minha mão. — Você deve tomar cuidado — ela aconselhou, com um tom de preocupação. Revirei os olhos, irônico. Era engraçado como ela se preocupava comigo. Estava tão perto enquanto cuidava da minha mão que pude sentir seu cheiro — uma mistura de morango e baunilha. Seus dedos delicados roçaram minha pele, e uma descarga elétrica percorreu minhas veias. Ela estava tão próxima que, se eu inclinasse um pouco, beijaria aquela boca rosada, que parecia uma flor. Eu me aproximei, ela fechou os olhos, esperando o beijo. Mas, de repente, a razão me venceu, e eu me afastei bruscamente. Ela me olhou, confusa. — Não posso te tocar... — disse, com voz firme. — Por quê não ? Você é meu marido — Eu não queria esse casamento. Fui coagido a aceitar pelo meu pai. Então, esse casamento não significa nada pra mim. Não quero, nem vou consumar — declarei, com sinceridade. Ela me olhou com aqueles olhos grandes, reluzentes, por um longo tempo, sem dizer uma palavra. Eu achei que ela fosse falar algo, mas ficou em silêncio. — Tudo bem, se é assim que você quer, assim será — ela disse, de cabeça baixa. Ela voltou para a cama, e eu fiquei ali, por um longo tempo, sem reação. Imaginava que ela diria qualquer coisa diferente. — Esta noite, vou dormir aqui com você, igual faremos em casa. Mas não vai acontecer nada — avisei, tentando manter a calma. — Já entendi que você não vai fazer amor comigo. Não precisa repetir — ela disse, fria. Desliguei a luz e me deitei na outra ponta da cama, mantendo uma distância segura. Enquanto olhava para o teto branco, pensei que Helena não era tão ingênua quanto eu achava. A maneira como ela lidou com tudo aquilo nunca deixaria de me surpreender.






