Mundo de ficçãoIniciar sessãoPonto de vista de Lívia
“Enquanto o tempo acelera e pede pressa... eu me recuso, faço hora, vou na valsa...” Drọga...não... hoje é sábado! Desligo a ligação irritada. Onde eu estava mesmo? Ah, sim! — Isso, Emanuel... ahhh, que delícia... sua boca é tão gostosa, seus beijos, seus toques... quero você dentro de mim... — murmuro, enroscando o travesseiro entre as coxas, sentindo o pulsar em minha intimiḍade. “Enquanto o tempo acelera e pede pressa... eu me recuso, faço hora, vou na valsa...” O toque do celular recomeça. — O quê?! — atendo furiosa, arrancada mais uma vez dos braços do meu amado em nosso êxtase imaginário. — Oi, Lívia. Tudo bem? Espero não estar sendo muito inconveniente. Congelo. Reconheço a voz de imediato. Meu corpo desperta inteiro. — Eman... Dr. Emanuel? — pergunto só para ter certeza de que não estou sonhando. — Sim, sou eu — diz ele, e percebo um leve sorriso em sua voz. — O que... o que o senhor precisa? Afinal, ainda são nove horas da manhã de um sábado! — olho o relógio só pra confirmar. — Oh, me desculpe se te acordei. Preciso te pedir um favor, e sinto que só você pode me ajudar. Meu coração quase sai pela boca. Eu devo estar sonhando. Me belisco de leve. — Ai! — deixo escapar. — Preciso de alguém de confiança — continua ele, sem dar atenção ao meu pequeno surto — e pensei primeiramente em você. — Em mim, doutor? — minha voz sai trêmula, mas um sorriso bobo se espalha pelo meu rosto. Ele pensou em mim. Em mim! — Preciso que me encontre às seis horas no restaurante de um hotel — diz ele com naturalidade. Minhas pernas viram gelatina, meu corpo se aquece mas o suor é frio e até a voz custa sair. — C... cl... claro! Estarei lá às seis em ponto! — Muito obrigado, Lívia. Só mesmo você nessas horas. Vou te enviar a localização. A ligação termina, e eu fico ali, deitada, com o celular nas mãos, completamente derretida. Sua voz ainda ecoa nos meus ouvidos. Agarro o travesseiro novamente e, dessa vez, não me contenho. Me esfrego nele como se fosse ele — o próprio Dr. Emanuel — alimentando meus delírios, agora mais intensos do que nunca. Vai se aproximando a hora do encontro com o homem que venho secando há meses — o sonho de consumo de qualquer garota — e começo a surtar só de pensar que não tenho nada apropriado pra vestir. Quero algo sexy, mas sem ser vulgar, é claro. Difícil missão. Meu coração está acelerado. Encaro meu reflexo no espelho tentando manter a compostura, afinal, não dá pra ficar sorrindo feito uma boba o tempo todo. Já começo a ensaiar possíveis interações com ele: — Dr. Emanuel, obrigada por me convidar para esse encontro. — digo, ainda enrolada na toalha. Depois imito a voz dele, com aquele tom grave e irresistível: — Não me chame de senhor ou doutor, entre nós agora é apenas Emanuel. Me aproximo do espelho de forma provocante, treinando um olhar mais sedutor. Logo estou ali, de olhos semicerrados, imaginando o sabor da boca dele enquanto enceno um beijo. Abaixo o olhar e ensaio uma expressão inocente, mas deixo escapar aquele sorriso safado — o tipo de sorriso que fala tudo sem precisar de palavras. Espalho o hidratante pelo corpo devagar, sentindo o perfume se misturar à minha pele. Depois escolho uma lingerie nova que ainda nem usei: um conjunto branco, simples, mas elegante, contrastando com meu tom de pele moreno. Agora vem o dilema: Um vestido? Um short com uma camiseta descolada? Ou um jeans bem colado, marcando minhas curvas? Afinal, vai ser a primeira vez que ele me vê fora do meu uniforme de faxineira e, convenhamos, eu preciso causar impacto. Coloco o vestido, mas acabo não gostando — fico parecendo oferecida demais. Então experimento o jeans e, pronto, satisfação imediata. Ele abraça minhas curvas do jeito certo e deixa minha bụnda com aquele formato perfeito. “Quem sabe assim ele não olha pra ela?” penso, rindo sozinha enquanto rebolo diante do espelho, testando ângulos. — É isso, garota… seduza seu homem! — digo para mim mesma, gargalhando e passando mousse nos cabelos para realçar meus cachos. Quando chego ao restaurante, sou pontual como um relógio. O lugar é absurdamente chique, desses em que nem que eu quisesse teria roupas à altura. Sinto o estômago revirar — e não é fome. As mãos começam a suar. E se tiver código de vestimenta? Claramente, eu não passo nem perto dele. Mas, por sorte, o Dr. Emanuel está ali, próximo à recepção, me esperando. Quando nossos olhares se cruzam, quase me xingo mentalmente: Drọga, Lívia! — porque meu corpo inteiro reage ao sorriso que ele lança. Ele está impecável, como sempre e o perfume... meu Deus, o perfume. Os cabelos loiros estão penteados num estilo esportivo — certeza que o corte é de hoje. Os olhos verdes, praticamente iguais aos meus, brilham com aquele charme natural, e o sorriso dele vem junto com um olhar que me desmonta. Os braços e o peitoral estão bem definidos; dá pra ver que os treinos na academia têm rendido resultado e quando vou seguindo com o olhar para a linha abaixo da cintura sou tirada dos meus pensamentos nada puros pela voz dele, firme e envolvente: — Lívia, estou tão feliz que você realmente veio. O tom dele me atinge em cheio, e eu maļ consigo disfarçar a empolgação. — Tudo está pronto lá no quarto! — completa, pegando meu pulso e me puxando suavemente. A mão dele é firme, quente, e eu o sigo meio hipnotizada. Quando ele aperta o botão do elevador, sinto meu coração martelar. É isso. Talvez hoje aconteça. Eu sempre imaginei perder a virginḍade com alguém especial e, bem, com 26 anos, acho que o mais próximo de alguém especial que posso imaginar é o Dr. Emanuel. As portas se abrem, e ele, cavalheiro, dá espaço para eu entrar primeiro. — Estou feliz em estar aqui — solto, e me arrependo na hora. Que frase idiọta! Ele ri baixinho e me olha de cima a baixo como me analisando. — Fico feliz também. Você está linda… — pausa — vai servir perfeitamente para meus planos. Não importa quanto cobre, só peço que dê o seu melhor hoje por mim. Congelo. “Planos”? “Cobrar”? O quê? Franzo a testa, confusa, e ele percebe. — Perdão, saiu errado, — diz, um pouco sem graça, lançando aquele sorriso torto que me desmonta de novo. — Tudo bem… — sussurro, tentando recuperar o fôlego. Quando chegamos ao andar, ele abre a porta do quarto para mim. O ambiente é de tirar o fôlego: elegante, perfumado, tudo cuidadosamente preparado. Ele segura minhas mãos, os olhos brilhando. — Vamos nos preparar, quero que seja especial, estou muito nervoso. Meu coração quase pára. Tento dizer algo, mas só consigo sorrir. Ele caminha até a mesinha ao lado da cama e pega uma pequena caixa de veludo preto. — Espero que ela aceite meu pedido! Congelo. Ela? A palavra ecoa dentro de mim como um soco. — Ela...? — consigo balbuciar, engolindo seco. Ele me olha, surpreso com a pergunta, respira fundo e segura minhas mãos novamente. — Me desculpe, estou tão nervoso que nem te expliquei direito por que pedi sua ajuda. O coração dispara de novo, mas agora por outro motivo. Ele abre a caixa — e duas alianças de ouro branco com diamantes brilham sob a luz suave do quarto. — Hoje vou pedir minha namorada em casamento.






