Terceiro capítulo

Ponto de vista de Lívia

“Enquanto o tempo acelera e pede pressa... eu me recuso, faço hora, vou na valsa...”

Drọga...não... hoje é sábado!

Desligo a ligação irritada. Onde eu estava mesmo?

Ah, sim!

— Isso, Emanuel... ahhh, que delícia... sua boca é tão gostosa, seus beijos, seus toques... quero você dentro de mim... — murmuro, enroscando o travesseiro entre as coxas, sentindo o pulsar em minha intimiḍade.

“Enquanto o tempo acelera e pede pressa... eu me recuso, faço hora, vou na valsa...”

O toque do celular recomeça.

— O quê?! — atendo furiosa, arrancada mais uma vez dos braços do meu amado em nosso êxtase imaginário.

— Oi, Lívia. Tudo bem? Espero não estar sendo muito inconveniente.

Congelo. Reconheço a voz de imediato. Meu corpo desperta inteiro.

— Eman... Dr. Emanuel? — pergunto só para ter certeza de que não estou sonhando.

— Sim, sou eu — diz ele, e percebo um leve sorriso em sua voz.

— O que... o que o senhor precisa? Afinal, ainda são nove horas da manhã de um sábado! — olho o relógio só pra confirmar.

— Oh, me desculpe se te acordei. Preciso te pedir um favor, e sinto que só você pode me ajudar.

Meu coração quase sai pela boca. Eu devo estar sonhando. Me belisco de leve.

— Ai! — deixo escapar.

— Preciso de alguém de confiança — continua ele, sem dar atenção ao meu pequeno surto — e pensei primeiramente em você.

— Em mim, doutor? — minha voz sai trêmula, mas um sorriso bobo se espalha pelo meu rosto. Ele pensou em mim. Em mim!

— Preciso que me encontre às seis horas no restaurante de um hotel — diz ele com naturalidade.

Minhas pernas viram gelatina, meu corpo se aquece mas o suor é frio e até a voz custa sair.

— C... cl... claro! Estarei lá às seis em ponto!

— Muito obrigado, Lívia. Só mesmo você nessas horas. Vou te enviar a localização.

A ligação termina, e eu fico ali, deitada, com o celular nas mãos, completamente derretida. Sua voz ainda ecoa nos meus ouvidos.

Agarro o travesseiro novamente e, dessa vez, não me contenho. Me esfrego nele como se fosse ele — o próprio Dr. Emanuel — alimentando meus delírios, agora mais intensos do que nunca.

Vai se aproximando a hora do encontro com o homem que venho secando há meses — o sonho de consumo de qualquer garota — e começo a surtar só de pensar que não tenho nada apropriado pra vestir. Quero algo sexy, mas sem ser vulgar, é claro. Difícil missão.

Meu coração está acelerado. Encaro meu reflexo no espelho tentando manter a compostura, afinal, não dá pra ficar sorrindo feito uma boba o tempo todo. Já começo a ensaiar possíveis interações com ele:

— Dr. Emanuel, obrigada por me convidar para esse encontro. — digo, ainda enrolada na toalha.

Depois imito a voz dele, com aquele tom grave e irresistível:

— Não me chame de senhor ou doutor, entre nós agora é apenas Emanuel.

Me aproximo do espelho de forma provocante, treinando um olhar mais sedutor. Logo estou ali, de olhos semicerrados, imaginando o sabor da boca dele enquanto enceno um beijo. Abaixo o olhar e ensaio uma expressão inocente, mas deixo escapar aquele sorriso safado — o tipo de sorriso que fala tudo sem precisar de palavras.

Espalho o hidratante pelo corpo devagar, sentindo o perfume se misturar à minha pele. Depois escolho uma lingerie nova que ainda nem usei: um conjunto branco, simples, mas elegante, contrastando com meu tom de pele moreno.

Agora vem o dilema:

Um vestido? Um short com uma camiseta descolada? Ou um jeans bem colado, marcando minhas curvas? Afinal, vai ser a primeira vez que ele me vê fora do meu uniforme de faxineira e, convenhamos, eu preciso causar impacto.

Coloco o vestido, mas acabo não gostando — fico parecendo oferecida demais. Então experimento o jeans e, pronto, satisfação imediata. Ele abraça minhas curvas do jeito certo e deixa minha bụnda com aquele formato perfeito. “Quem sabe assim ele não olha pra ela?” penso, rindo sozinha enquanto rebolo diante do espelho, testando ângulos.

— É isso, garota… seduza seu homem! — digo para mim mesma, gargalhando e passando mousse nos cabelos para realçar meus cachos.

Quando chego ao restaurante, sou pontual como um relógio. O lugar é absurdamente chique, desses em que nem que eu quisesse teria roupas à altura. Sinto o estômago revirar — e não é fome. As mãos começam a suar. E se tiver código de vestimenta? Claramente, eu não passo nem perto dele.

Mas, por sorte, o Dr. Emanuel está ali, próximo à recepção, me esperando. Quando nossos olhares se cruzam, quase me xingo mentalmente: Drọga, Lívia! — porque meu corpo inteiro reage ao sorriso que ele lança. Ele está impecável, como sempre e o perfume... meu Deus, o perfume.

Os cabelos loiros estão penteados num estilo esportivo — certeza que o corte é de hoje. Os olhos verdes, praticamente iguais aos meus, brilham com aquele charme natural, e o sorriso dele vem junto com um olhar que me desmonta. Os braços e o peitoral estão bem definidos; dá pra ver que os treinos na academia têm rendido resultado e quando vou seguindo com o olhar para a linha abaixo da cintura sou tirada dos meus pensamentos nada puros pela voz dele, firme e envolvente:

— Lívia, estou tão feliz que você realmente veio.

O tom dele me atinge em cheio, e eu maļ consigo disfarçar a empolgação.

— Tudo está pronto lá no quarto! — completa, pegando meu pulso e me puxando suavemente.

A mão dele é firme, quente, e eu o sigo meio hipnotizada. Quando ele aperta o botão do elevador, sinto meu coração martelar.

É isso. Talvez hoje aconteça. Eu sempre imaginei perder a virginḍade com alguém especial e, bem, com 26 anos, acho que o mais próximo de alguém especial que posso imaginar é o Dr. Emanuel.

As portas se abrem, e ele, cavalheiro, dá espaço para eu entrar primeiro.

— Estou feliz em estar aqui — solto, e me arrependo na hora. Que frase idiọta!

Ele ri baixinho e me olha de cima a baixo como me analisando.

— Fico feliz também. Você está linda… — pausa — vai servir perfeitamente para meus planos. Não importa quanto cobre, só peço que dê o seu melhor hoje por mim.

Congelo. “Planos”? “Cobrar”? O quê?

Franzo a testa, confusa, e ele percebe.

— Perdão, saiu errado, — diz, um pouco sem graça, lançando aquele sorriso torto que me desmonta de novo.

— Tudo bem… — sussurro, tentando recuperar o fôlego.

Quando chegamos ao andar, ele abre a porta do quarto para mim. O ambiente é de tirar o fôlego: elegante, perfumado, tudo cuidadosamente preparado. Ele segura minhas mãos, os olhos brilhando.

— Vamos nos preparar, quero que seja especial, estou muito nervoso.

Meu coração quase pára. Tento dizer algo, mas só consigo sorrir.

Ele caminha até a mesinha ao lado da cama e pega uma pequena caixa de veludo preto.

— Espero que ela aceite meu pedido!

Congelo.

Ela?

A palavra ecoa dentro de mim como um soco.

— Ela...? — consigo balbuciar, engolindo seco.

Ele me olha, surpreso com a pergunta, respira fundo e segura minhas mãos novamente.

— Me desculpe, estou tão nervoso que nem te expliquei direito por que pedi sua ajuda.

O coração dispara de novo, mas agora por outro motivo. Ele abre a caixa — e duas alianças de ouro branco com diamantes brilham sob a luz suave do quarto.

— Hoje vou pedir minha namorada em casamento.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App