Pamela
Cheguei em casa exausta, mas não era o corpo que pesava, era a mente. Eu ainda ouvia aquela voz irritante, aquele tom meio debochado da Clarissa quando disse na mesa do almoço: “Eu acho o Caleb uma delícia”.
Delícia.
A palavra ficou ecoando dentro de mim como um zumbido. Uma delícia? E o pior: ela disse isso na minha frente. Como se eu fosse invisível. Como se não tivesse problema nenhum falar daquele jeito do próprio chefe. Do meu marido.
Joguei a bolsa no sofá, chutando os sapatos pra longe. Senti minhas pernas bambas, mas não era cansaço, era raiva.
Subi pro banheiro, abri o chuveiro no máximo e deixei a água quente cair sobre mim, mas nem a pressão da água conseguia lavar o ódio que eu sentia. Fechei os olhos e a cena se repetia, como se fosse um replay. As risadinhas dela, o jeito como falava do Caleb, como se ele fosse um pedaço de carne exposto no açougue.
Passei shampoo, condicionador, esfreguei a pele até ficar vermelha, e mesmo assim o pensamento não ia embora. Eu enx