Pamela
Mesmo sendo agora parte da diretoria, eu não queria abrir mão de uma das coisas que mais me fazia sentir normal no meio daquela empresa gigantesca: o almoço com as meninas. Desde que comecei a trabalhar como secretária, o nosso grupinho era quase sagrado. A gente descia junto pro restaurante do prédio, ocupava sempre a mesma mesa e passava quase uma hora rindo, reclamando, trocando confidências que ninguém mais entenderia.
Agora, como gerente administrativa, parte do pessoal executivo, talvez eu devesse estar almoçando com os engravatados no salão reservado. Mas só a ideia de ficar rodeada de conversas sobre investimentos e aquisições me dava sono. Então, peguei minha bolsa e fui direto para o refeitório das funcionárias, como sempre.
As meninas já estavam lá. Carla, com seu cabelo ruivo preso num rabo de cavalo alto, rindo alto de alguma piada; Juliana, sempre discreta, mexendo no celular; e Ana Paula, a mais falante, contando algum drama do namorado.
— Olha quem chegou! — Car