Narrado por Bruno
Era pra eu ter acabado com aquele médico desgraçado com as minhas próprias mãos. Era pra ter sentido o sangue dele escorrer entre meus dedos, ter olhado nos olhos dele enquanto a vida sumia dali. Mas não. Eu tive que ouvir a Mel, tive que aceitar que um dos meus pontos tinha aberto, e que eu táva fraco demais pra resolver o assunto como eu sempre resolvo. E isso... isso me fez sentir um lixo. Incapaz. E eu não me permito ser fraco.
A dor no abdômen era constante. Ardia. Queimava como o inferno que eu às vezes sinto que carrego dentro de mim. Mas ela... a Mel... veio com aquele toque leve, com aqueles olhos que mesmo depois de tanto ainda me desarmam. Ela ajoelhou ao meu lado e começou a limpar a ferida.
— Eu queria ter feito isso com as mãos — murmurei.
— Eu sei. Mas você ainda vai ter tempo de fazer outras coisas com elas. Por agora, me deixa cuidar de você.
Ela sorriu, e aquele sorriso, mesmo no meio do caos, era paz.
— Bruno...
— Fala, princesa.
— Eu quero formar