Narrado por Melissa

A ligação do Bruno mal tinha terminado e eu ainda segurava o celular contra o peito, como se aquilo fosse capaz de manter ele por perto. O som da voz dele ecoava dentro de mim: firme, mas com aquele toque de urgência, de quem não sabia quando poderia ligar de novo. Meu coração estava em pedaços. Ele tá preso. E eu tô aqui, livre... mas sem saber pra onde ir.

Dei uma volta pelo hospital tentando me concentrar, mas tava difícil. Me despedi das colegas, disse que ia precisar me ausentar por uns dias, talvez semanas. Não consegui dar muitos detalhes. Eu sempre evitei ao máximo misturar a minha vida pessoal com a profissional, principalmente ali onde tudo já virava fofoca em bola de neve.

Peguei um carro de aplicativo e fui pra casa. Melhor dizendo, pra casa dele. Desde que ele comprou a dívida do meu pai, tudo passou a ser dele... inclusive eu. Mas com o tempo, aquele lugar virou meu também. Nosso. A chave girando na fechadura me doeu. A sala parecia maior, mais vazi