Heitor manteve-se calado durante todo o percurso.
Valentina preferiu assim.
Quando chegaram à propriedade rural, o céu já ameaçava tempestade — nuvens grossas, escuras como carvão, amontoavam-se no horizonte. O vento trazia cheiro de terra molhada e madeira velha. Perfeito cenário para um encontro que prometia ser… delicado.
O fornecedor de carnes, Sr. Almeida, era um homem antiquado. Do tipo que achava que “culinária era coisa de mulher”, mas “negócio era coisa de homem”. Um paradoxo ambulante que Valentina conhecia bem.
Ainda assim, ela entrou ereta, expressão afiada, sem hesitar.
Heitor ficou à sombra da varanda. Silencioso. Presente, mas distante.
Ela achou que ele fosse interferir. Mas não. Ele apenas observava — atento, mas imóvel. Era como se estivesse testando seus próprios limites... ou testando os dela.
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— Eu preciso de confiança, Sr. Almeida — ela disse, firme. — Se os seus números não baterem com o que foi combinado, eu troco de fornecedor antes do sol nascer.
— Você tá