O final de semana chegou com um céu acinzentado e uma garoa fina que dava à cidade um ar quase melancólico. Cecília acordou cedo, mas ficou um tempo a mais na cama, deitada de lado, observando a chuva escorrendo lentamente pelo vidro da janela do quarto. Ainda estava em casa, e apesar do silêncio do ambiente, dentro dela tudo parecia em movimento.
As lembranças da noite com Enrico vinham em ondas. Não apenas os toques, os beijos ou os suspiros compartilhados — mas principalmente as palavras. A forma como ele a olhou, como falou sobre compromisso, como prometeu estar ali mesmo com os medos dela.
Parte de si queria mergulhar sem pensar. Outra parte, mais experiente, temia o fundo do mar.
Ela se levantou, vestiu uma blusa de lã leve e preparou um café. Enquanto esperava a água ferver, pegou o celular. Uma notificação nova, Enrico.
“Bom dia, Ceci. A chuva tá linda hoje, mas se você topar, eu queria te ver. Café, almoço, qualquer desculpa serve.”
Ela mordeu o lábio, um sorriso involuntário