O retorno de Marcos foi discreto, sem alardes ou pressa. Depois de quase duas semanas fora do país resolvendo pendências empresariais, tudo o que ele queria era ver a filha bem. E, se possível, conversar com o melhor amigo sobre o que havia deixado em suspenso antes da viagem: o turbilhão emocional em que Abigail se encontrava.
Sérgio o recebeu em sua sala assim que ele chegou ao prédio. Os dois se abraçaram com a cumplicidade de quem já dividiu alegrias, tragédias e silenciosas promessas de lealdade.
— Como ela está? — foi a primeira pergunta de Marcos, direto, como sempre.
Sérgio respirou fundo antes de responder. Seus olhos estavam levemente cansados, como se carregassem semanas de tensão.
— Melhor... ou tentando ficar.
Marcos assentiu, mas o olhar atento denunciava uma preocupação que não se dissolvia facilmente.
— E sobre as ligações?
Sérgio hesitou. Passou a mão pela nuca, um gesto automático que entregava seu desconforto.
— Ontem, um novo número ligou e eu atendi sem pensar. Do