O céu estava limpo quando o carro deixou a cidade para trás. Abigail mantinha o rosto virado para a janela, observando as árvores passarem numa velocidade tranquila, como se cada uma carregasse lembranças que ela não queria encarar de frente. Seus pensamentos se misturavam ao som do motor e ao ritmo cadenciado dos pneus na estrada. O silêncio dentro do carro não era tenso, mas havia uma expectativa densa pairando entre os dois, como uma respiração suspensa.
Sérgio dirigia com uma mão no volante e outra apoiada no câmbio. Os olhos estavam fixos à frente, mas de tempos em tempos ele desviava o olhar na direção dela. Era como se ainda não acreditasse que ela estava ali, sentada ao seu lado, que tinha aceitado aquele convite, aquele recomeço.
— Está tudo bem? — ele perguntou, a voz baixa, quase temerosa de quebrar o encantamento daquele instante.
Abigail virou-se devagar, os olhos ainda ligeiramente enevoados por pensamentos distantes. Mas então sorriu. Um sorriso pequeno, contido, mas ve