Doze dias.
Era esse o tempo que separava o acidente daquela manhã silenciosa no hospital. Doze dias em que Abigail permanecia imóvel, envolta pelo som constante dos monitores, pelas luzes frias da UTI e pela expectativa sufocante que se acumulava a cada hora.
Para Sérgio, cada dia tinha se tornado uma batalha particular. Não aceitava sair dali. Dormia em cadeiras desconfortáveis, com o casaco dobrado como travesseiro. Barba cerrada, olhos vermelhos e uma tensão permanente no corpo denunciavam o desgaste, mas ainda assim ele repetia, sempre que alguém insistia para que descansasse:
— Eu só saio quando ela abrir os olhos.
Luíza, que vinha diariamente, tentava convencê-lo em vão. Naquela manhã, entrou no quarto e o encontrou sentado na mesma posição de sempre, os dedos entrelaçados aos da enteada.
— Você não pode continuar assim, Sérgio. — A voz dela era suave, mas firme. — O hospital não é lugar para viver. Você precisa respirar um pouco.
— Eu respiro aqui. — Ele não desviou o olhar de