O corredor parecia mais estreito depois que Regina se foi. As palavras de Marcos ainda ecoavam, pesadas, cheias de verdades que doíam até em quem não era alvo direto delas. Sérgio caminhou devagar de volta para a UTI, como se cada passo carregasse o peso da raiva e da impotência.
Quando entrou no quarto, o silêncio parecia ainda mais profundo. Abigail continuava imóvel, o peito subindo e descendo lentamente sob a batida compassada das máquinas. Ele se sentou de novo ao lado da cama, mas dessa vez, a mão que segurou a dela estava quente de tensão.
— Você ouviu isso, Abigail? — murmurou, a voz baixa, mas carregada de sentimento. — Regina... tentando bancar a preocupada. É... tarde demais pra isso.
Ele fechou os olhos, inspirando fundo. Não queria que a raiva fosse o único combustível naquele momento, mas era impossível não sentir.
— Sabe o que me dá mais ódio? — continuou, olhando para o rosto sereno dela. — É pensar que, se você acordar agora, vai ter que lidar com tudo isso outra vez.