A manhã chegou devagar, derramando uma luz suave pelas frestas das cortinas do quarto de Sérgio. Abigail acordou antes dele, ainda abraçada ao travesseiro, com os cabelos bagunçados e a mente agitada por sonhos confusos demais para lembrar. Mas não havia mais a ansiedade que a acompanhava há semanas. O silêncio ao redor não era ameaçador. Pela primeira vez em muito tempo, ela se sentia segura.
Sérgio ainda dormia ao seu lado, deitado de lado, a respiração profunda e os traços relaxados. O homem que enfrentara o mundo com frieza profissional parecia, naquele instante, apenas um homem cansado. Vulnerável. Humano.
Abigail o observou por alguns segundos, e um sorriso involuntário escapou. Como era estranho e ao mesmo tempo tão certo estarem ali, juntos. Após tanto caos, ali estava ela, deitada na cama dele, com o coração ainda remendado, mas batendo com mais firmeza.
Ela se levantou devagar, caminhou descalça até a cozinha e preparou café com cuidado. Não queria acordá-lo ainda, mas també