O silêncio dentro do carro era quase palpável. Nenhum dos dois ousava quebrá-lo, como se as palavras pudessem desencadear algo que ainda não estavam prontos para enfrentar. Abigail mantinha o olhar fixo na janela, mas sua mente revisitava, repetidamente, os acontecimentos da noite anterior.
A imagem de Sérgio com o celular dela nas mãos, os olhos escuros percorrendo cada mensagem, ainda estava gravada em sua memória. Ele não dissera nada, nenhuma acusação, nenhum julgamento. Mas o modo como a mandíbula dele se contraíra... a tensão em seus ombros, o cuidado exagerado em levá-la para a casa dele. Ele tentou manter distância, tentou dar a ela o espaço que achava que precisava. E mesmo assim, esteve por perto, atento a cada movimento, vigilante.
Não era frieza, era contenção. E isso doía mais.
Sérgio, do outro lado, mantinha os olhos fixos no trânsito, mas o caminho à frente era apenas uma manobra automática. Seus pensamentos estavam presos às mensagens que lera. A insistência de alguém