Abigail caminhava pelo campus como se estivesse num campo minado. Os sons ao redor — risadas, passos apressados, o tilintar dos sinos das bicicletas — pareciam abafados, distantes. Ela tentava se mover como se nada tivesse mudado, como se sua vida não estivesse desmoronando por dentro, como se aquele fim de semana não tivesse arrancado dela mais do que apenas a ilusão de segurança.
Ela segurava os livros com força contra o peito, a mochila nas costas parecendo mais pesada que o normal. Tudo nela doía — não o corpo, mas algo mais profundo, mais silencioso.
No pátio, Matheus a viu primeiro. Estava encostado num dos bancos de pedra, o olhar preocupado assim que a reconheceu. Caminhou até ela com passos calmos, respeitando o espaço dela.
— Ei, Abigail.
Ela parou, mas não respondeu de imediato.
— Só queria dizer que... tô por aqui, se quiser conversar. Sobre qualquer coisa.
Ela forçou um pequeno sorriso, o mais gentil que conseguiu.
— Obrigada, Matheus. Mas... tem coisas que doem mais quan