O dia amanheceu abafado, mas a atmosfera dentro do apartamento de Sérgio era ainda mais pesada. Ele mal havia dormido, os pensamentos girando em torno de Abigail e da distância que vinha crescendo entre eles. O silêncio da manhã foi interrompido pelo som firme da campainha.
Quando abriu a porta, encontrou Marcos parado diante dele, a postura rígida, o olhar decidido.
— Precisamos conversar. — A voz de Marcos não deixava espaço para recusas.
Sérgio se afastou de má vontade, permitindo a entrada. O ar no apartamento parecia encolher à medida que os dois homens se encaravam. Marcos caminhou até a sala, mas não se sentou. Ficou de pé, como se a gravidade do que tinha a dizer exigisse firmeza.
— Vou ser direto. — Ele respirou fundo. — Eu decidi levar Abigail para fora do país.
A reação de Sérgio foi imediata. O sangue subiu-lhe ao rosto, e os olhos faiscaram.
— O quê? — A palavra saiu quase como um rugido. — Você perdeu a cabeça?
— Não — respondeu Marcos, mantendo a calma forçada. — É a ún