Pela primeira vez em muitos ciclos lunares, os lobos da floresta despertaram sem sobressaltos. Os cânticos antigos silenciaram, dando lugar a um som mais raro: o riso leve das crianças e o canto dos pássaros.
Na tenda sagrada, Lysandra abriu os olhos, sentindo o aroma de ervas secas e pele quente. Aric ainda dormia, um braço estendido sobre sua cintura. Havia serenidade em seu rosto — algo que ela mal lembrava ter visto antes. Com cuidado, ela se levantou, caminhando até a entrada da tenda. Ao afastar o tecido bordado com símbolos tribais, sentiu a brisa fresca da manhã e algo dentro dela pulsar.
— Está diferente... — murmurou, olhando o horizonte.
— Tudo está — disse Kael, aproximando-se devagar, como se já esperasse encontrá-la ali.
Ela se virou, surpresa, mas sorriu.
— Você sentiu também?
— Sentimos todos. A terra respondeu. O ciclo mudou. — Kael apoiou-se no cajado com o entalhe de uma loba na ponta. — Mas não se engane, jovem alfa. A paz não significa ausência de provações. Signi