CAPÍTULO 5
TH NARRANDO Peguei minha moto e fui pro Morro do Alemão. Chegando lá os vapor já liberaram minha entrada; subi até o alto, na casa dos meus tios. Cumprimentei os vapor da segurança, entrei e já encontrei minha tia e a Vitória na sala. — Que bom que veio nos visitar, meu filho. Eu já estava morrendo de saudades suas — minha tia falou me dando um abraço, e eu retribuí. — Os dias têm sido bem corridos, tô sem tempo, muitos BO pra resolver. — falei, indo abraçar a Vitória. — E aí, pirralha, de boa? — perguntei abraçando ela. — Pirralha é o seu nariz, me respeita que já sou mulher. — ela respondeu brava; eu dei risada da cara que ela fez. — O tio tá aí? — perguntei e minha tia respondeu: — Ele acabou de chegar, tá no escritório. Tu vai jantar com a gente, né? — perguntou toda animada. — Sim, e vou dormir aqui hoje. Agora vou lá trocar uma ideia com o Alemão. — falei, indo pro escritório. Bati na porta e ele mandou entrar. — Boa noite. — falei, entrando no escritório; ele tava sentado fumando um breu. Na hora ele se levantou e veio na minha direção me abraçar; eu retribuí. — Finalmente apareceu. Faz dias que quero trocar uma ideia contigo — ele falou se sentando e fazendo sinal pra eu sentar. — Por que demorou tanto pra vir? — Tava cheio de BO pra resolver, não tive tempo mesmo. Mas pode passar a visão. — respondi. — Tu sabe que teu lugar é aqui; esse morro vai ficar pra tu cuidar. Eu não sei o que tu tá fazendo lá ainda. — meu tio falou, me encarando. — Eu gosto de lá. Quando tiver alguém de responsa pra ficar no meu lugar, eu volto pra cá. Tão acontecendo umas paradas meio estranhas e não tô curtindo nada disso. — falei, e ele ficou me fitando. — O que tá pegando? Passa logo a visão, eu sei que tu é pelo certo. — ele falou, e eu respirei fundo porque precisava falar aquilo com alguém. — Todo esse tempo que estive lá, o Guga tinha uma fiel e eu nunca soube disso. Achei que a gente era parceiro; eu nunca escondi nada dele e esperava o mesmo da parte dele. — soltei. — E como tu soube dela? — meu tio perguntou. — Primeiro ouvi uns vapor falando da mina, mas na hora não acreditei. Fui trocar ideia com ele e ele disse que a mina não gostava de sair de casa — achei estranho, mas não questionei. No outro dia ele teve um surto e matou dois vapor da segurança da casa dele. Fui lá ver o que tava pegando e ele tava puto porque tinham deixado a mina fugir. Fui ajudar a procurar e, no caminho, um dos meus soldados de confiança me contou a história: ele mantém ela presa em casa. Depois fui eu que encontrei a mina e ela confirmou tudo. Tô sem noção do que fazer. — contei. — Tu sabe que se ele tiver fazendo isso e a facção souber, ele vai pros conferi. Ela pode ser fiel dele, mas ele não pode obrigar ela a ficar com ele. — meu tio falou. — Eu sei disso, e prometi ajudar a mina. — respondi. — Eu não acredito nisso. Tu tá apaixonado pela fiel do teu chefe, pô? — meu tio falou num tom mais alto. — Que isso, tio! Claro que não. Mas fiquei muito com pena da mina. Tu tinha que ver: mó linda, parecia uma princesa — toda delicada e indefesa. — falei, lembrando dela. — Porra, tu tá apaixonado pela mina? Tiago, tu sabe das consequências disso. Tu tá arrumando pra tua cabeça, mano. Sai dessa logo — deixa esse maluco com o morro dele e vem cuidar do que é teu. — ele falou. — Deixa isso pra lá. Agora me fala o que tu queria comigo, tio. — mudei de assunto porque a conversa já tava me incomodando. — Eu nunca falei isso pra ninguém, mas, há um tempo atrás, logo que o Samuel nasceu, eu e tua tia não estávamos nos entendendo. Ela teve depressão pós-parto e não me queria mais, nem queria o filho. Passamos por um momento difícil; ela teve tratamento com psicólogo e terapeuta — durou mais ou menos um ano. Depois tua tia ficou bem, graças a Deus. Mas nesse tempo eu me envolvi com uma mulher do morro. Na época ela apareceu grávida, disse que o bebê era meu e queria que eu assumisse. Como eu faria isso com tua tia internada e doente? Eu sempre amei tua tia e não podia fazer isso. Dei uma quantia de dinheiro pra ela e pedi um tempo até resolver. Até eu conseguir conversar com tua tia, a mulher simplesmente sumiu. Nunca mais soube dela nem da criança. Sempre me perguntei o que teria acontecido e onde estaria esse bebê, e se realmente era meu filho. Esperei anos a mulher voltar pra querer dinheiro ou posição por ter um filho meu, mas ela nunca voltou — sumiu. Depois que o Samuel morreu comecei a pensar nessa criança: e se ele ou ela precisasse de mim? Resolvi contratar um detetive e descobri algumas coisas. Agora eu preciso da tua ajuda. — meu tio disse com tristeza no olhar. Eu fiquei sem saber o que falar. — A tia sabe disso? — perguntei. — Sabe, e ela também quer muito saber da criança. Eu nunca escondi nada da tua tia, tu sabe disso. — ele respondeu. — E com o que eu posso ajudar? — perguntei. — O detetive descobriu que a Cláudia morreu dando à luz a uma menina que hoje tem 21 anos. Soube que a menina ficou com a avó no morro onde você está. Preciso que tu ache ela pra mim. — ele falou, me encarando. Na hora lembrei da história que a Gabriela me contou, mas isso pode ser coincidência; é melhor eu não falar nada. — Vou ver isso pro senhor, pode ficar tranquilo. — concordei com a cabeça. Ficamos ali mais um tempo falando sobre coisas do morro até a minha tia nos chamar pro jantar. Faz tempo que eu não comia algo tão gostoso. Depois subi pro quarto que tenho lá e fiquei pensando na Gabriela até pegar no sono. --- GABRIELA NARRANDO Depois que o Júlio saiu, eu fui fazendo o serviço de casa bem devagar porque meu pé doía demais — e eu sabia que, se ele chegasse e visse a bagunça, ia vir pro meu lado. Fiz almoço e, como sempre, almocei sozinha. Passei a tarde arrumando as roupas do guarda-roupa e assistindo uma série na TV do quarto. Quando vi já era noite. Tomei banho, vesti um pijama fresquinho e desci pra pegar água e levar pro quarto. Ao sair da cozinha, dei de cara com o Júlio: cara de cão, olhos vermelhos demais. Ele veio na minha direção e tentou me beijar. — Me solta, por favor, eu não quero. — falei chorando. Ele me deu um tapa no rosto que chegou a estralar; fiquei tonta e senti gosto de sangue na boca. — Vadia, cala essa boca. Tu é minha e eu fodo com você quando eu quiser, tá entendendo? Quem manda aqui sou eu, porra. — ele gritou, apertando meu queixo pra me forçar a olhar. Me virou de costas, me empurrou sobre a mesa, me deixou empinada, arrancou meu short do pijama e tirou o paü dele pra fora. Me penetrou, e eu senti o membro entrando rasgando dentro de mim. Dei um grito de dor; ele estocava rápido e fundo, puxando meus cabelos com força. Eu só conseguia chorar e rezar pra ele terminar logo. Depois de um tempo ele gozøu e saiu de dentro de mim. — Some da minha frente, que eu não quero olhar na tua cara. — ele gritou. Saí correndo, entrei no quarto, tranquei a porta e fui pro banheiro tomar banho. Abaixei no chão do box e chorei debaixo do chuveiro, pensando no que a minha vida tinha se tornado por causa de um desgraçado desse. Meu último desejo era que ele morresse e me deixasse em paz. Saí do banho e me deitei só de roupão, chorando até pegar no sono.