Narrado por Giovani Ferreti:
A mansão Ferreti me pesa nos ombros como um terno feito sob medida, mas costurado com ferro e cimento. Cada parede carrega o nome da minha família, cada escada ecoa os passos do meu pai — e os fantasmas que ele deixou para trás. Estive em reuniões o dia todo, com rostos que fingem lealdade e olhos que imploram por fraqueza. Fernando Rossi... aquele desgraçado sorriu demais durante a conversa de ontem. Sorrisos demais significam segredos demais.
Quando finalmente consegui sair dali, deixei meu relógio na escrivaninha e as responsabilidades no copo meio cheio de uísque que abandonei na biblioteca. Dirigi sem rumo até a praia, querendo esquecer — ou pelo menos entender. A noite já engolia o horizonte quando estacionei. Deixei os sapatos no carro e caminhei pela areia fria, como se o mar pudesse arrancar de mim a pressão que me sufoca desde que voltei.
Ela deveria estar aqui.
A moça dos olhos enigmáticos, dos passos leves, da boca que fala em silêncio. Ela sem