Narrado por Antonella Bellini:
A festa estava morrendo aos poucos. A música já não passava de um eco abafado e os risos falsos dos convidados se perdiam pelos corredores. Eu estava na varanda lateral, observando tudo com o coração ainda acelerado por memórias que insistiam em me tocar por dentro.
Foi quando Domênico se aproximou, com aquele andar firme e a postura de sempre — olhos atentos, discreto como uma sombra.
— Signorina, está na hora — disse ele, com uma voz baixa, quase cúmplice, um riso torto ao estender a mão para mim. — Tudo correu bem. Nenhuma afronta ao futuro Don. Hora de irmos para casa.
Assenti, mas antes que ele se virasse, perguntei:
— Meu pai também vai?
Domênico hesitou por um instante. Seus olhos me sondaram como se procurasse algo nas entrelinhas da minha pergunta.
— Sim. Ele já está no carro. Não quis se despedir... disse que era melhor assim.
É claro que disse. Meu pai era um estrategista, não um político. Preferia observar e planejar em silêncio do que posar