Narrado por Antonella Bellini
Ali de pé, paralisada, era como se eu estivesse diante de um espelho distorcido. Era o meu rosto — não o verdadeiro, mas uma réplica fiel a minha imagem — que sorria em direção ao altar. Scarllet. Minha irmã. Vestida com o meu vestido. Tomando o meu lugar. Irina segurava a cauda como se fosse a mãe orgulhosa de uma filha prestes a realizar um sonho. O que para mim era um pesadelo.
As lágrimas escorriam sem aviso, quentes, salgadas, impotentes. Mas eu mal tive tempo de chorar.
Ouvi os passos atrás de mim.
O motorista.
Um dos que Irina usava como sombra. Como cão de guarda.
Ele vinha com os braços tensos, mãos esticadas, pronto para me imobilizar.
Ouvi o barulho do carro sendo ligado. O motor roncava como uma sentença. Abaixei os olhos a tempo de ver Irina ao volante, no vestido bege, o rosto lívido, os cabelos presos, o olhar fixo no caminho à frente. Ela dirigia para longe. Para o casamento. Para o altar com a irmã errada.
A mansão estava vazia. Nenhum em