Narração — Antonella Bellini
Minha mãe empalideceu ao me ver. Ficou ali, parada, com o dedo trêmulo apontando de mim para dentro da casa, num vai e vem confuso, como se os olhos lhe pregassem uma peça.
Seus cabelos — antes negros como a noite — estavam agora riscados por fios grisalhos, denunciando o peso dos anos... e das mágoas. O rosto, antes firme, agora era mapa de rugas fundas. Usava um vestido bege, simples, sem estampas — e aquilo dizia tudo: ela não esperava por mim. Não esperava por isso.
— Lá dentro... acabou de dormir — meu pai disse, cansado. Aquele olhar dele... só aparecia quando perdia o controle — e isso era raro.
Fiz o que ele disse. Entrei.
— Tonella... dove esteve? — a voz da minha mãe me alcançou. Era puro espanto. — Por que não está na mansão Ferreti? De quem é este bambino? — Ela se aproximava, atropelando palavras e pensamentos. — Teu pai disse que é teu, amore mio? Por que não estás com teu marido...?
Andei pelos corredores apertados do fundo, em direção aos q