Narrado por Giovani Ferreti:
— Giovani… — ouvi a voz firme da minha mãe por trás de mim, cortando o salão como uma lâmina de prata. Virei-me lentamente. — Tire Scarllet para dançar.
A ordem foi dita como uma sugestão suave, mas não havia nada de opcional nela. Era um comando, embrulhado em cetim.
Suspirei. Estávamos entre líderes de famílias, velhos aliados, adversários disfarçados de amigos. A união entre Ferreti e Bellini precisava parecer sólida, desejada — inevitável. Uma dança pública selaria essa imagem.
Mesmo que eu tivesse outros pensamentos. Outros desejos. Outro corpo na minha memória.
Vi Scarllet perto da mesa central, sorrindo como se estivesse me esperando há horas, os olhos faiscando quando percebeu minha aproximação. Seu vestido branco cintilava sob as luzes da mansão, e por um segundo, senti a pressão de todos os olhares sobre mim.
Cumpri meu papel.
— Scarllet — murmurei, oferecendo-lhe a mão. — Me concede essa dança?
— Claro, todas meu amor. — disse ela, com uma risad