Narrado por Giovani Ferreti
Eu tinha muito para conversar com Antonella.
Assuntos que não poderiam mais esperar. Saber se podia confiar nela, se ela seria apenas uma peça no jogo ou se teria coragem de caminhar ao meu lado. Dizer por que a escolhi — e não sua irmã — era parte disso. Mas havia algo ainda mais espinhoso, quase cruel: contar que o pai dela pode ter traído o meu. Que a minha mãe pode ter feito parte disso. Que a guerra entre famílias talvez tenha começado dentro das paredes da nossa própria casa.
Mas adiei tudo.
Covardemente.
Talvez por medo de vê-la quebrar. Ou por receio de vê-la me encarar com o mesmo desprezo com que eu já encarei meu próprio reflexo.
Acordei no domingo com o peso do mundo nos ombros. San Marino exigia minha presença. A cidade não adormece quando se comanda um império — mesmo manchado de sangue. Mas, por um instante, deixei tudo em suspenso. Fiquei ali, deitado, observando o teto baixo do pequeno cubículo que ela chama de lar. Um espaço apertado, bagu