Narrado por Antonella Bellini
Não soube o que fazer quando ouvi Giovani atender a organizadora do nosso casamento. A voz dele soou firme, decidida, cortando o ar da cozinha como uma lâmina afiada.
— Quero uma esmeralda na minha aliança. Do tom exato dos olhos dela.
Senti o café descer queimando pela garganta e tossi, surpresa, cuspindo metade sobre a bancada. Meus olhos encontraram os dele. Ele desligou o telefone sem sorrir, como se tivesse dito apenas mais uma ordem do dia. Como se transformar meus olhos em joia fosse banal.
O silêncio que se seguiu foi espesso. Denso. Quase desconfortável.
Comemos em silêncio. Ele limpava a bancada, lavava as xícaras, organizava tudo com uma calma que me irritava. E eu... eu só queria sumir. Então fiz o que sempre faço quando o mundo me engole: estudei. Peguei meus livros e os empilhei à minha frente, abrindo códigos, leis, doutrinas... tentando mergulhar em qualquer lugar que não fosse aquele.
Mas, claro, ele não ia deixar barato.
— Não terminei d