Narrado por Giovani Ferreti
O gosto de Ella ainda queimava na minha boca.
A pele dela, o perfume doce e indecente, o calor que sentia sob meus dedos quando toquei sua cintura... Tudo nela me tirava o juízo.
Aquela garota me olhava como se não soubesse brincar — e mesmo assim provocava como quem implora pra perder o controle.
Subi a rua à beira-mar com os passos apressados, a mente turva, o corpo pulsando. O desejo latejava em mim como uma febre. Eu a teria. Uma hora ou outra. E não importava quem estivesse no caminho.
Mas algo estava errado.
O silêncio das ruas não era o mesmo. O som dos meus próprios passos agora ecoava... com companhia.
Parei numa esquina e observei o reflexo da vitrine escura de uma boutique.
Dois homens. Ternos mal cortados. Andando como quem pensa que sabe se esconder.
Carlucci.
Pobres bastardos.
Suspirei, passando a mão pelo cabelo. Meu desejo por Antonella se desfez como fumaça, substituído pelo velho instinto: sobrevivência.
Entrei em um beco lateral, escuro