Narrado por Antonella Bellini:
Acordei com a boca seca e a sensação incômoda de que havia algo errado.
Desci as escadas com passos leves, as tábuas antigas do chão rangendo sob meus pés descalços, como se sussurrassem um alerta.
A casa estava em silêncio, um silêncio denso, pesado, como um véu escuro sobre o lar que sempre considerei seguro.
Na cozinha, bebi água na taça de cristal, sentindo o líquido gelado escorrer pela garganta.
Mas havia algo no ar...
Uma tensão invisível, como quando a chuva está prestes a cair, mesmo que o céu ainda esteja limpo.
Voltei para o quarto com o coração estranhamente acelerado, tentando convencer a mim mesma que era só impressão. Talvez um sonho perturbador.
Talvez o corpo ainda ardendo de um desejo proibido, eu não sabia dizer.
O sol mal havia nascido quando acordei novamente, mas a casa já estava desperta.
Não de forma comum — não com cheiros de café e pão fresco.
Havia vozes masculinas. Passos pesados. Portas se abrindo com estalos secos.
Ves