Narrado por Antonela Bellini:
As torres da mansão Ferreti se erguiam como sentinelas góticas no horizonte cinzento de San Marino.
O carro mal parou, e meu pai já desceu com o semblante fechado.
Eu o segui, o coração batendo alto no peito — não apenas pelo medo, mas pela certeza de que algo muito errado estava prestes a acontecer.
— Você devia ter ficado em casa — disse ele, ajustando o paletó.
— E deixar você enfrentar essa víbora sozinho? Nem pensar.
Fomos recebidos por quatro homens armados na entrada. A porta foi aberta sem cerimônia.
A sala principal era a mesma de sempre: sofás de couro escuro, tapeçarias antigas e o cheiro forte de madeira encerada, eu nunca gostei desta casa, principalmente quando o Don me puxava para o seu colo, apertava as minhas bochechas, desviei os olhos do sofá ao me lembrar.
Mas havia uma tensão no ar, quase palpável, como se a casa estivesse sangrando por dentro.
Irina Ferreti nos esperava de pé, em frente à lareira acesa.
Usava um vestido de cetim vinh