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Meu corpo reage antes mesmo que eu queira.

Anna

Eu moro em Boston, onde o inverno é rigoroso, quase cruel. Quando o frio começa a cortar a pele, eu lembro do dia em que meu pai decidiu que não dava mais. Nos mudamos para a Califórnia por causa da saúde dele — fumou a vida toda e agora respira com dificuldade.

Depois de muitos exames, os médicos disseram que ele precisava de um lugar com clima mais leve, sem tanta variação de temperatura. Se tivesse praia, melhor ainda — o ar puro ajudaria nos pulmões.

A Califórnia... o “estado dourado” dos Estados Unidos. Para muitos, é o sonho americano. Para nós, não. Viemos sem ambições, apenas com esperança — a esperança teimosa de que meu pai voltasse a respirar sem dor.

Meu pai é mecânico. Não foi difícil conseguir trabalho numa oficina perto da nossa casa alugada. Mas o salário é pouco, e tudo aqui é caro — os aluguéis, então, beiram o absurdo.

Por isso nem pude pensar em continuar meus estudos. Antes da mudança, eu estava no início do curso de Administração, e ter que interromper aquilo foi como arrancar um pedaço de mim.

Suspiro.

Logo consegui emprego. Comecei como garçonete, mas não demorei a perceber que aquele ambiente não era para mim. O restaurante ficava perto de uma escola, e vivia cheio de adolescentes barulhentos e sem limites. Um inferno.

Eles faziam piadas, brincadeiras sem graça, e até ousavam me tocar — passavam a mão na perna, davam t***s, riam alto, zombavam. Reclamar ao gerente era inútil. Ele nunca ficaria contra clientes que gastavam bem. No fim, eles sempre tinham razão.

“Os incomodados que se mudem.” Foi o que fiz. Depois de quinze dias, pedi demissão.

Passei uma semana procurando outro trabalho até que um anúncio nos classificados chamou minha atenção:
“Procura-se dançarina de dança do ventre para o Mansur Hotel.”

Meu coração dispara só de lembrar.

Antes de tudo isso, quando eu morava em Boston, eu era professora de dança do ventre. Comecei aos dezessete, por influência de uma amiga. Ela insistiu tanto que acabei indo — e me apaixonei. Cada movimento, cada batida do tambor parecia conversar com algo dentro de mim.

Treinei, estudei, vivi aquilo. Aos dezenove, já era professora na mesma academia onde comecei.

Então, quando vi aquele anúncio, foi como se a vida me chamasse de volta. Fiz o teste, passei. E agora trabalho como dançarina no Mansur, um hotel luxuoso e novo, cheio de hóspedes ricos e exigentes.

O único problema é a distância. É longe demais. Mas o gerente, vendo minha dedicação, permitiu que eu dormisse no hotel, já que o show termina tarde. Assim, volto para casa só na manhã seguinte, bem cedo.

Eu e meu pai nos damos bem. Ele é tranquilo, compreensivo, confia em mim. E eu tive que amadurecer rápido, desde o dia em que minha mãe morreu — um assalto no banco em que ela trabalhava. Eu tinha apenas quinze anos.

Solto o ar devagar, e lágrimas queimam meus olhos. Me viro na cama, tentando afastar a lembrança. Mas é então que outro nome me atravessa a mente.
Hassan.

Meu corpo reage antes mesmo que eu queira.

Eu dançava quando ele chegou ao restaurante, cercado de homens. Mesmo à distância, dava para sentir a força da sua presença. A postura de um homem de poder, de quem está acostumado a comandar.

Almir, o dono do hotel, quase se dobrou para recebê-lo, dando-lhe a melhor mesa, perto do palco. Eu estava no meio da música quando seus olhos encontraram os meus.

Fiquei imóvel por um instante, mas continuei dançando, fingindo controle enquanto minha barriga tremia junto com os adereços.

Minha respiração acelera, e não é pelo esforço da dança. É por ele.

Ele me observa com uma calma perigosa, e então me dá um sorriso de canto — um sorriso que parece um desafio. Aquilo me desconcerta, e eu desvio o olhar, irritada comigo mesma por ter ficado tanto tempo o encarando.

Mas é inútil. A imagem dele se crava em mim.

Alto, imponente, mais de um metro e oitenta. Cabelos negros, cortados com precisão. Os ombros largos sob o terno escuro, a camisa branca ligeiramente aberta no peito, revelando pelos castanhos.

Sexy demais.

Perigoso demais.

Quase no fim da música, me atrevo a olhá-lo de novo. Ele ainda está ali — firme, intenso — e o mundo parece desaparecer entre nós.

Quando a canção termina, as palmas me despertam. Inclino-me em agradecimento, pronta para sair, mas Almir me faz sinal para ficar. Pega o microfone e anuncia:

— Quero convidar meu amigo, Hassan Kabal al-Assad, para cantar para nós.

Árabe. Claro. Tinha que ser.

Meu estômago se contrai. Eu detesto homens árabes. Eles têm aquela aura de domínio, de quem nasceu para mandar. No Mansur, é o que mais tem — homens arrogantes, poderosos, cercados de luxo. O hotel até tem uma sala voltada para Meca.

Hassan se levanta. O público o aplaude, encantado.

Ele vem na minha direção, com o andar lento e seguro de um felino. A cada passo, sinto a tensão aumentar. Ele sorri de canto — o mesmo sorriso perigoso — e meus olhos se desviam instintivamente.

Deus... Quando um árabe sorri para uma mulher, boa coisa não é. Eles não flertam, eles decidem.

Subindo ao palco, ele se senta num banco e pega um violão.

Tamally Maak, de Amr Diab — diz, e sua voz grave ecoa.

O som começa, e quando os primeiros acordes tocam, meu corpo se move por instinto. Danço.

A música é um feitiço, e ele é o seu conjurador. Os dedos longos deslizam pelo violão com uma precisão que me hipnotiza.

E então ele canta.

Sua voz me atravessa. Não é só melodia, é emoção. Ele me olha — apenas a mim — e eu sinto como se o ar tivesse sumido. Meu corpo reage, quente, vivo.

A letra, o ritmo, a entrega dele... tudo me leva a outro lugar, como se o chão tivesse sumido sob meus pés.

Quando a música termina, o salão explode em aplausos. Hassan sorri e se inclina, mas seus olhos ainda me procuram.

Quando finalmente me alcança no palco, pega minha mão e me faz curvar junto dele. O toque é breve, mas é o suficiente para me desestabilizar.

Minha nossa... Se a mão dele faz isso, imagine o resto.

Fujo. Literalmente fujo. Corro até o camarim, fecho a porta e me encosto nela, tentando recuperar o ar.

Meu coração parece um tambor dentro do peito.

— O que foi? — pergunta Helen, sentada à frente do espelho.

— Nada — minto, me aproximando.

— Como nada? Parece que viu um fantasma!

Eu rio sem graça.

— Na verdade, eu assisti um espetáculo fora do script. Almir convidou um dos hóspedes para cantar. Eu dancei enquanto ele tocava... e ele simplesmente arrasou.

Helen arqueia as sobrancelhas.

— Verdade? Ele é bonito?

— Bonito? — repito, suspirando. — Ele é mais que bonito.

Ela sorri.

— Que música ele cantou?

Tama Maak.

Tamally Maak, você quis dizer.

— Isso.

Ela pesquisa no celular e começa a ler a tradução.

A cada verso, meu coração pulsa mais forte.

— É o suficiente, Helen. — corto, sentindo um nó na garganta. — A letra é linda.

— Verdade. O homem árabe, quando ama, ama de verdade. — diz ela com um sorriso. — São fiéis às suas mulheres.

Eu rio alto.

— Claro! Elas lambem o chão que eles pisam!

Helen revira os olhos.

— Me esqueci que você detesta essa cultura.

— E detesto mesmo. São machões que só olham o próprio umbigo.

Ela suspira.

— Querida Anna, cada lugar tem seu jeito de viver. O erro é olhar o mundo árabe com olhos ocidentais. As diferenças é que deixam o mundo bonito.

— Eu sei disso, Helen. Mas eu não gosto.

Ela me encara pelo espelho, divertida.

—Querida Anna, se você experimentasse o amor de um homem árabe, você mudaria seu modo de agir e pensar. Tenho certeza de que colocaria até o lenço.

Eu gargalho.

—Mas não mesmo! E para começar, um homem árabe dificilmente nos olharia de igual para igual. Somos mulheres que agradam os olhos, mas somos muito espetaculosas para o gosto deles.

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